sexta-feira, 1 de junho de 2012

1911 a 1920

 - NO ANO DE 1911 -


O município de Guarará, compreende três distritos: Sede, Bicas e Maripá. Sua população é de 18.000 habitantes com 1.210 eleitores. Seu clima é salubre e temperado. O cultivo do café é feito em abundância, também cereais e cana. O único mineral que se encontra no seu solo é a mica. É cortado na sua maior extensão pela Estrada de Ferro Leopoldina e interliga-se aos municípios limítrofes, por excelentes estradas de rodagem custeadas pela municipalidade.

Imprensa:
Jornal “O Comércio de Bicas”, proprietário e diretor, Cap. Cornélio Duarte Medina; “O Povo”, proprietário e diretor; Ladislau Rebelo de Vasconcelos.

Sociedades
Sociedade Literária e Recreativa; Grupo Dramático.

Administração municipal
Presidente: Cel. Joaquim José de Sousa, Vice-presidente: Tte. Cel. Francisco de Paula Retto Júnior,
Vereadores: Antonio Mendes, Cap. Emygdio da Costa Ribeiro, Cap. Hildebrando Pires de Mendonça, Cap. João Furtado, Tte. João de Paula Lara, Tte. José Duarte de Sousa Marques, Cap. José Fernandes Januario; Secretario: Cap. Gilberto Goulart de Oliveira, Tesoureiro: Cap. Emygdio Braz dos Santos, Fiscais dos distritos: Cap. Alfredo Ribeiro de Barros (por Bicas), Alferes Costa Milagres (por Guarará) e Cap. Francisco de Azevedo Netto (por Maripá); Porteiro: Luciano Ribeiro da Silva.

Administração judiciaria
Suplentes do juiz seccional federal: Major Aníbal Ferreira Marques, Cap. Felicio Verlangieri, Cap. Gilberto Goulart de Oliveira; Oficiais da justiça federal: Sant'laire Cruz, Vicente da Costa Milagres.

Juízes de paz e de casamentos por Guarará (respectivamente 1º, 2º e 3º): Cap. Pedro Afonso Leite, Cap. Antonio José da Costa Júnior e Alferes Alfredo José Pires; por Bicas (respectivamente 1º, 2º e 3º): Cap. Severo Padula, Cap. José Marinho da Mota Bastos e Tte. José Dorc; por Maripá (respectivamente 1º, 2º e 3º): Cap. Francisco Netto, Cap. Gervasio Monteiro de Rezende e José Lino Paradelas.

Escrivães de paz: Major José Alvares de Oliveira Júnior (Guarará), Cap. Francisco Barnabé da Fonseca Barroso (Bicas) e Antonio Theodosio de Mendonça Netto (Maripá).

Oficiais de justiça: Galdino Esteves (Guarará), Manoel Marques de Oliveira (Bicas) e Custodio Francisco de Paula (Maripá).

Administração policial
Delegado: Tte. Cel. Francisco de Paula Retto Júnior; Suplentes (respectivamente 1º, 2º e 3º): Tte. Cel. Otaviano Pinto de Rezende, Cap. Bernardino Ortiz Dias e Cap. Josino Ribeiro da Silva.

Subdelegado do distrito de Guarará: Tte. José Alves de Araújo; Suplentes (respectivamente 1º, 2º e 3º): Cap. ldalino José Machado, Cap. Gustavo André Marcelino de Paula e Cap. Alfredo de Souza Leite; (*Suplentes de Bicas: Cap. Ângelo Padula, Cap. Camelio Batista de Castro, Cap. Serafim Ribeiro da Cunha e Cap. Vicente Chiaini de Oliveira; Suplentes de Maripá: Cap. Anselmo Garcia Machado, Cap. José Ricardo Sobrinho, Cap. José Alves Pereira e Cap. José Temponi.

Instrução Pública
Grupo escolar de GuararáDiretora: Maria José de Carvalho; Professoras: Flávia da Costa Milagres, Maria da Conceição da Cunha Monteiro e Castro e Margarida P. Torres; Porteiro: Isolino Nunes Rabelo.
Grupo escolar de BicasDiretor: Luiz Carvalho Tavares; Professores: Auto de Sousa, Luiza de Mendonça Bastos e Maria Ester de Aquino e Castro; Porteiro: Firmin François Alibert.

Professores municipais de escolas mistas: (em Guarará): Alfredo Rocha, José Pedro Rodrigues, Olivia Fernandes; (em Maripá): Augusto José Figueira. Marcelino de Castro Moura.

Coletorias
Coletor federal: Tte. Cel. Arlindo Ribeiro de Oliveira; Escrivão: Cap. Afonso Leite; Coletor Estadual: Horácio Freitas.

Correio:
Agenor de Alvarenga (agente de Guarará), Cap. Estanislau Juliani (agente de Bicas); João Affonso (agente de Santa Helena) e Francisco Nassentes de Azevedo (agente de Maripá); Estafetas:
Emygdio José Vieira, Manoel José Cássio

Religião:
Arcebispo de Mariana: D. Silvério Gomes Pimenta; Pároco/padre: Vigário Francisco Del Gaudio; Sacristão: Pedro Orlando.

Irmandades religiosas (em Guarará): Divino Espirito Santo, São Vicente de Paula e Sagrado Coração de Jesus; (em Bicas) Sagrado Coração de Jesus.

Comércio
de Armarinhos, ferragens, louças, secos e molhados (em Guarará) Elice João, João Miguel, José Duarte de Sousa Marques, Pedro Miguel, Salomão Abrahão; (em Bicas): Antonio Nicolau, Augusto Jorge, Francisco Zalarolo, Felicio Verlangieri, Francisco Carrapatoso, Gabriel Filippe, Gabriel Simão, João Angeliti, Jorge Salomão, Jorge Miguel & Irmãos, José Semeraro, Manoel Antonio Rebouças; (em Maripá): Filippe Augusto, Francisco de Paula Retto Júnior, Trezza & Irmão, José Augusto. Teófilo Ramalho.

Profissões
Advogados: Cap. Afonso Leite, Cap. Cornélio Duarte Medina; Alfaiates: Ângelo Padilha, Antonio Luccacio, Alfredo Carvalho, Ângelo de Agosto, Carlos Macini, Domingues Mana, José Paggi, José Padilha, Manoel Furtado, Menezes Neves, Severa Padilha, Vicente Mana; Barbeiros: Ângelo Padilha, Estanislau Juliani, Francisco Padilha, Irineu de Moraes; Carpinteiros: Antonio Couto, Curiós Friaça, Francisco Nunes, Guarnieri Filho, Nilo Sousa, Serafim Gomes; Ferreiros: José Dore, José Temponi, Miguel de Jorge; Funileiros: Paschoal Lamoglia, Schettine & Irmão; Marceneiros : Antonio Rocha, João Batista Correia, José Medeiros; Médicos: Dr. Antonio Monteiro, Dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro; Farmacêuticos: Álvaro Fernandes Dias, Eduardo Barroso, Joaquim Soares de Mendonça; Pedreiros: Albino dos Santos, Esteves Chaves, Francisco Rosa, Francisco Cassiano, José Pequeno, José Elias de Oliveira, José Domingues, José Vieira Camões Mano, Manoel Violante, Manoel Picão; Sapateiros: Antonio Casacini, Emílio Arcino, Januario Dutra, José Pipino, José Mega, Luiz Mega, Nicilau Miraglio, Umberto Mega.

Agricultores e lavradores
Major Américo de Sousa, Major Aníbal Ferreira Marques, Cap. Antonio Ferreira Martins, Antonio Pinto Monteiro, Antonio Soares Henriques, Tte. Cel. Arlindo Ribeiro de Oliveira, Barão de Cattas Altas, Cap. Emídio da Costa Ribeiro, Eduardo dos Santos, Emiliano de Souza Leite, Tte. Cel. Francisco de Paula Retto Júnior, Cel. Joaquim José de Sousa, Joaquim Florentino de Sousa, Giacomo Frezza, Cel. José Ribeiro de Oliveira e Silva, Cap. Jose Carlos Dutra de Moraes,
Cap. José Pires de Mendonça, José Alves Pereira, Jose Lino Paradellas, Manoel José Machado, M. Bastos & Irmão, Salatiel de Faria Lombato & Cia, Virgílio Elias Martins, Victor Belfort de Arantes.

Capitalistas
Major Américo de Sousa, Cornélio Batista de Castro, D. Laudelino Fontes, Comendador Domiciano Monteiro de Resende, (**) Cel. Francisco de Paula Retto Júnior, Cap. Gervasio Monteiro de Rezende, João Batista de Castro Júnior, Cel. Joaquim José de Sousa, Cap. José Carlos Dutra de Moraes, Mario Batista de Castro, Victor Belfort de Arantes.


(*) - Alfredo de Souza Leite (24/3/1875-19/10/1956) era casado com Tereza Tempone Leite (23/5/1888-17/1/1952).
(**) - O Comendador Domiciano Monteiro de Resende, era filho do Coronel Geraldo Ribeiro de Resende e de sua segunda esposa Maria do Carmo Monteiro de Rezende. O pai de seu pai também se chamava Geraldo Ribeiro de Resende, e também era Coronel. 
          Domiciano era o primeiro de 13 filhos. Seus irmãos eram: 1) José Monteiro de Barros, casado com Messias Rezende Mendonça, 2) Sebastião Monteiro de Rezende, casado com Leopolidna Monteiro de Rezende, 3) João Monteiro de Rezende, 4) Coronel Joaquim Monteiro de Rezende Fazendeiro no distrito de Piau. Casado com Maria do Carmo Monteiro de Rezende, 5) Major Marcos Monteiro de Rezende, casado com Amélia Francisca Ribeiro da Silva Rezende, 6) Esmênia Monteiro de Rezende, casada com Francisco Lara, 7) Maria Esmênia Monteiro de Rezende, casada com Francisco Tristão de Mendonça, 8) Filomena Monteiro de Rezende, casada com José Luiz Ribeiro da Silva, 10) Camila Monteiro de Barros, casada com o Coronel João Batista de Rezende, 10) Inês Monteiro de Rezende, casada com Gervásio de Paula Santos, 11) Mariana Monteiro de Rezende e 12) Cristina Monteiro de Rezende, casada com o primo Francisco Monteiro de Rezende.
          Domiciano, nomeado cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1881, morador e cafeicultor em Sossego, distrito de Santana do Deserto (pelo menos até 1883), adquiriu, por volta de 1880, a Fazenda Bonsucesso, no distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha. Casou-se por duas vezes. Seu primeiro casamento foi com Maria José Lara Rezende e a segunda com Maria do Carmo Lara  (filha de Teófilo Gonçalves de Lara e Francisca Cândida de Lara). Teve 15 filhos com a primeira e três com a segunda. Francisca Resende Lara, uma das filha de seu primeiro casamento, casou-se com Miguel Arcanjo Monteiro de Resende (filho do Major Marcos Monteiro de Resende) e tiveram dez filhos um dos quais, Domiciano de Resende (nascido em Leopoldina no dia 5 de agosto de 1911). (vide: enfafefon.com.br / cantoni.pro.br/blog/page/61 / Barros Brotero)
          Domiciano recebeu a comenda de Cavaleiro da Ordem da Rosa, através do Despacho Imperial de 13 de agosto de 1881, juntamente com Manoel Faustino Corrêa Brandão, João Serrano Moreira da Silva, João Bawden, Coronel João Paulo de Faria, Tenente-coronel José Egídio da Silva Campos, José Ferreira da Fonseca, Joaquim José de Resende, Augusto de Araújo Viana e Antônio Carlos da Costa Carvalho.



 - NO ANO DE 1916 -

Imprensa:
Jornal “O Comércio de Bicas”, proprietário e diretor, Cap. Cornélio Duarte Medina; “O Povo”, proprietário e diretor; Ladislau Rabelo de Vasconcelos, "O Guarará", Proprietário Afonso Leite.

Associações
Grupo Dramático e Recrativo; Banda Espirito-santense e o Grupo Musical de Bicas


Administração municipal
Presidente: Cel. Joaquim José de Sousa, Vice-presidente: Tte. Cel. Francisco de Paula Retto Júnior,
Vereadores: Cap. Antônio Mendes, Antero Soares, Berholdo Garcia Machado, Cap. Cornelio Duarte Medina, Cap. Gervasio Evaristo Monteiro de Rezende, Jose Duarte de Souza Marques; Tesoureiro: Cap. Emídio Braz dos Santos; Secretário: Pedro Afonso Ferreira Leite; Fiscais dos distritos: Cap. Alfredo Ribeiro de Barros (por Bicas), Alferes Vicente da Costa Milagres (por Guarará) e Cap. Francisco de Azevedo Netto (por Maripá) e ainda Otavio de Carvalho e Pedro FerreiraPorteiroGeraldo Ribeiro da Silva.


Coletorias
Coletor federal: Tte. Cel. Arlindo Ribeiro de Oliveira; Escrivão: Cap. Afonso Leite; Auxiliar: Pedro Leite.



 - NO ANO DE 1920 -

Administração municipal
Presidente: Cap. Gervasio Evaristo Monteiro de Rezende; Secretário: Pedro Afonso Ferreira Leite, Álvaro Fernandes Dias, Emídio Braz dos Santos, Luiz Fabris, Francisco de Paula Retto Junior, Francisco Pinto Ferreira. Tesoureiro: Laudelino Rabelo de Vasconcelos.

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Fábrica de tecidos
Em Bicas, no município de Guarará, os srs. coronel Joaquim José de Souza e tenente-coronel Álvaro Fernandes Dias promovem a fundação de uma fábrica de tecidos, no distrito, onde já foram  subscritas 315 ações, no valor de 63 contos de réis, para a formação do capital necessário à nascente empresa.
Até o dia 25, o capital subscrito atingia a cerca de cem contos de réis, sendo também certo que de outros pontos, além do município, há diversos capitalistas que se empenham em tomar ações.
Jornal "O País", domingo, 9 de abril de 1911




Luz elétrica
O Dr. Estevão Leite de Magalhães Pinto, representado pelo tenente-coronel Álvaro Fernandes Dias, firmou com a Câmara Municipal de Guarará, representada pelo seu presidente, coronel Joaquim José de Souza, o contrato para instalação de luz e energia elétrica naquele município.
Pelo contrato, salvo força maior, dentro de um ano será inaugurada a iluminação nos distritos Bicas e Guarará..
Em Bicas serão instaladas 100 lâmpadas de 50 velas e em Guarará 50, tudo pela quantia de réis 8.500$ anuais.

Jornal "O País", sábado, 9 de março de 1912.

Guarará
            O Iniciamos hoje, com a singeleza de quem narra e não com o requinte de quem. analisa e comenta e acepilha frases, as pequeninas crônicas, desta formosa, vila, predestinada, por sua bela topografia e clima salubérrimo, a um lugar de distração entre as melhores povoações da Mata.
Guarará prospera; não está adormecida entre as suas verdes colinas, vivendo de saudades, ruminando passadas grandezas; não!...
            Nela existe uma alma que sonha, mas há também um espirito forte que está de pé, que trabalha, que caminha.
            Ela dormiu, como todas as povoações e cidades mineiras um longo sono,mas já está desperta, e não dormirá mais: tem uma nobre missão a cumprir, ela o sabe, ela a desempenhará.
           Com uma praça, de extensa e larga área, elegantes prédios, em torno, graciosa e elegante matriz, muitas casas comerciais, farmácias, grupo escolar, Ginásio Delfim Moreira, ora fundado, Câmara Municipal e demais repartições públicas; a vila de Guarará cativa e prende o excursionista, todo aquele que a procura ou dela se aproxima. Seu povo é unido, alegre, expansivo, generoso, hospitaleiro e bom. Possui um teatrinho onde trabalha um talentoso e Infatigável grupo de amadores que poderia exibir-se em plateias exigentes. Não lhe regateariam palmas e flores, ocultos habitantes da Princesa do Paraibuna (Juiz de Fora), se um dia este grupo abrisse as portas ao glorioso teatro da rua do Espirito Santo e aí representasse, quer nas comédias, quer nos dramas.
            E por falar em teatro: os alunos do Ginásio Delfim Moreira, criaram nesse vasto; estabelecimento de instrução o "Grêmio literário Alberto de Oliveira" e tratam da organização de uma biblioteca que ficará sob o patronato de Augusto de Lima, o maior poeta mineiro. Esse grêmio [estudantil] tem por objetivo dilatar o espirito de seus sócios pondo-os em contato com os deliciosos prazeres da arte falada, e escrita, essa arte que não morre e que, antes, ressuscita gerações que se foram.
            Em Guarará, não raros cultivam as letras, e podemos citar, ao correr da pena, Aristides Leite, que tanto doura uma pílula como rendilha um verso; Irineu Candido, professor emérito e jornalista, Afonso LeitePedro LeitePedro OrlandoJ. Camões e outros e muitos outros. Músicos, poderíamos mencionar às dezenas: aqui quase todos amam a grandiosa arte de [Antonio de] Carlos Gomes, [Manoel Joaquim de] MacedoFrancisco Vale; [Manuel] Gusmão e Fontainha.

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            Baixemos agora ao terreno pratico e falemos de um, prediteto industrial mineiro que há de se impor em todo o Estado. Em aprazível, vivenda junto a esta vila habita, há muitos anos, o Chico Pinto, um esforçado, um lutador, um honesto, o Chico, o velho amigo dos risonhos tempos de Juiz de Fora; Juiz de Fora sem autos e sem cinemas, porém, alegre, unida, franca, hospitaleira e culta, já com os seus notáveis estabelecimentos de ensino, imprensa diária, teatro, indústria, luz elétrica e o mais; a Juiz de fora que aplaudia os Novelli e fazia a fortuna das companhias dramáticas, as mais aplaudidas do velho mundo.
             Pois bem, o Chico Pinto que aí tem amigos, e muitos, desse tempo, acaba de mostrar-me um dos produtos de sua atividade inteligente: uma barra de sabão a que ele denominou "Cometa".
             Não conheço no mercado, quer nacional, quer estrangeiro, produto que se lhe avantaje ou mesmo aproxime. Ele mandará, brevemente, à essa redação, uma amostra de sua indústria, porque o comércio adiantado de Juiz de Fora deve fazer questão  de servir bem a seus fregueses. E o Chico Pinto vai ficar lavando-se em águas de... perfumosas espumas do seu "Cometa", lendo estas linhas com que faço. justiça a seu esforço inteligente e a seu.,, magnífico sabão.

Guarará, 12-5-1913.
J .P.
Jornal "O Pharol", ANNO XL 
Juiz de Fora, quarta-feira, 12 de maio de 1913





Festa da bandeira
Tivemos ocasião de assistir a esta brilhante festa, realizada no grupo escolar desta vila, no dia 19 do corrente.

Ao meio-dia houve passeata militar pelos alunos, defronte do edifício do grupo, sendo por essa ocasião saudada a bandeira, que se achava hasteada no lugar de costume.

Depois da entrada dos alunos para o salão do estabelecimento, onde havia grande número de pessoas, o Dr. Cláudio, digno diretor do grupo, proferiu um eloquente discurso sobre a data que se comemorava, seguindo-se belos recitativos pelos alunos, que se saíram bem, sendo pelos mesmos cantado o hino da Independência.

Notamos naquele festejo a presença de multas famílias da nossa melhor sociedade.
Fabrica de Manteiga
Brevemente se instalará nesta vila uma importante fábrica de manteiga, de propriedade dos Srs. Câmara, Costas & C.

Folgamos de noticiar mais este melhoramento em Guarará, com os nossos parabéns aos diligentes industriais que fazem parte da presente firma social.

Jornal "O País", domingo, 30 de novembro de 1913



A criação do termo
O município de Guarará tem neste momento uma pretensão, a de obter do Congresso Mineiro a criação do termo judiciário.
Não faltam ao município todos os elementos para conseguir esse "desideratum", sabido como é, ser ele um dos mais prósperos de região da Mata.
O "Comércio de Bicas", tratando do grande melhoramento, declara não acreditar que a ele se oponha o senador Antero Dutra de Moraes, residente em Mar de Espanha, a sede da atual comarca.
Não acreditamos, prossegue aquele jornal, ainda mais porque, quando o vereador Cornélio Duarte Medina, nosso redator, em contato direto com o povo, conhecedor de suas necessidades, das suas aspirações, do objetivo de seu ideal, propôs, na Câmara, a anexação do nosso município á comarca de São João Nepomuceno, com os judiciosos fundamentos que então apresentou, cujo projeto mereceu os mais fervorosos aplausos do povo de Guaraná, que está firmemente convencido de que com essa anexação os dirigentes da política do município de São João nenhum obstáculo oporão á criação do termo aqui e, ao contrario, tudo farão para a efetividade do "tentamen", o Dr. João Maria de Miranda Manso, então chefe político de inquestionável prestigio em Mar de Espanha, com aquela sinceridade que o caracteriza, com aquela nobreza de caráter que constitui o mais eloquente elogio de seu nome, assumiu para com o vereador Medina o compromisso solene de não criar o menor empecilho à justa pretensão do povo de Guarará, quanto á criação do termo judiciário neste município. mas que não pouparia esforços para impedir a anexação dele á comarca de São João Nepomuceno.
Delegacia de higiene
O Sr. Dr. Belisario de Castro, digno e esforçado delegado de higiene deste município, vacinou, em dias da semana passada, cerca de cem alunos no grupo escolar de Bicas.
Ao que nos informam, sabemos ter o ilustre clinico, durante o corrente mês, vacinado cerca de 600 pessoas.
Os serviços que o caridoso facultativo tem prestado, principalmente nestes últimos meses, com especialidade ás classes desprotegidas da fortuna, são de um valor inqualificável.
Instrução militar
Devido às solicitações do operoso diretor do grupo escolar, Sr. Matheus Alves Pereira, estão os alunos do mesmo grupo recebendo instrução militar, ministrada pelo correto anspeçada, comandante do destacamento policial daqui.
É desejo do Sr. Matheus ter os alunos devidamente instruídos nos manejos militares para abrilhantar a grande festa cívica que vai promover para comemorar a gloriosa data de 7 de setembro.

Jornal "O País", Quarta feira, 10 de junho de 1914

Varíola em Bicas
Graças ás providencias tomadas pelos Srs. Drs. Luiz de Melo Brandão e Belisario de Castro, auxiliados pelas autoridades municipais e policiais, está quase extinta a terrível epidemia de varíola que aqui grassou com tanta intensidade.
Em tempo o coronel Joaquim José de Souza ofereceu um vasto prédio na fazenda da Saracura para o isolamento dos doentes, mas, o Dr. Luiz de Melo Brandão preferiu o de dona Laudelina Tostes, por estar mais próximo e ser de mais fácil inspeção.
A esse tempo, só se tinha conhecimento de trinta e poucos variolosos e o prédio de D. Laudelina Tostes os comportava folgadamente.
Mas, ninguém podia, ao menos, imaginar que mais de trinta variolosos estavam ocultos, dentro, da povoação de Bicas, porque os donos do tais doentes tinham horror ao lazareto.
Imagine-se agora que qualidade de tratamento podiam ter recebido os infelizes enfermos, todos destituídos de recursos.
Muitos deles, em estado gravíssimo, por falta de trato, e outros cobertos de varejeiras, foram todos recolhidos ao isolamento.
Neste caso, o prédio tornou-se insuficiente para comportar os doentes, cujo número subira a sessenta e tantos.
Sem perda de tempo, o Dr. Brandão, aproveitando um cômodo separado do prédio, fez nele um aumento, construindo assim, um barracão com cem palmos de comprimento, que dentro de poucos dias estava também cheio de variolosos.
Era, então, de noventa e dois o número de pessoas recolhidas ao isolamento e de trinta e tantos o das próprias casas.
Com o aparecimento de novos casos, na denominada rua do Café, que é mais uma estrada de rodagem do que uma rua, em lugar distanciado, e, não havendo mais cômodo. no isolamento, o Dr. Brandão isolou toda a rua do Café, onde varias casas estavam afetadas, e nelas acomodou os doentes que iam aparecendo.
Era, pois, de cento e quarenta, mais ou monos, o numero de variolosos existentes na pequena povoação de Bicas.
Porém, a dedicação dos doutores Belisario de Castro e Luiz de Melo Brandão, foi tal, que esse numero está hoje reduzido a vinte, quase todos convalescentes.
Para se avaliar..... dando-se mesmo o caso de um ter entrado às 3 horas da tarde e falecer ás 7 da noite, o número de óbitos foi apenas de sete, inclusive uma criança da 15 dias de existência, que durou algumas horas no isolamento.
Frio Intenso
Na noite de 16 para 17 deste, foi intenso o frio que aqui fez, tendo geado em alguns pontos.
Felizmente, foi pequena a geada, não tendo produzido danos.
Grupo escolar do Bicas
Com o intenso aparecimento da varíola aqui o Exmo. Sr. Dr. secretario do interior, mui acertadamente suspendeu as aulas do grupo escolar desta localidade, por tempo indeterminado, como se vê no "Minas Gerais", de 10 do corrente.
Essa medida é digna dos maiores louvores.

Jornal "O País", sábado 1 de agosto de 1914



Feiras de Gado
Está publicada oficialmente a lei autorizando o governo a contratar com quem melhores vantagens oferecer, o estabelecimento de mais seis feiras de gado, sendo uma no município de Passos, outra no município de Teófilo Otoni, à margem da Estrada de Ferro Bahia e Minas, na estação de Urucú, outra na cidade de Sete Lagoas, outra no município de Curvelo, outra em São Gonçalo da Ponte, município de Bonfim e outra na estação .de Santa Helena, da Estrada de Ferro Leopoldina, no município de Guarará.

Câmara municipal
Na forma dos dispositivos legais, a Câmara Municipal tem efetuado diversas reuniões, em sua terceira sessão ordinária, confeccionando o orçamento da receita e despesa, bem como a tabela de impostos que tem de vigorar no futuro exercício de 1915.
Essas matérias tem merecido acurado estudo por parte dos dignos vereadores, que, atendendo à aflitiva quadra economico-financeira que atravessamos, procuram conciliar os interesses municipais com os dos munícipes.
É pensamento dos dignos legisladores municipais não aumentar os impostos; ao contrario, minorá-los, especialmente os que dizem respeito à lavoura, embora as finanças municipais tenham sido enormemente agravadas com as despesas imprevistas, feitas com a epidemia da varíola, que com intensidade grassou neste e no florescente distrito de Bicas.

Leopoldina Railway
Esta companhia, no intuito de cooperar, para o progresso das regiões servidas pelas suas linhas férreas, e com o fito de promover e estimular o aperfeiçoamento dos meios de utilização das terras e ensaio de novas culturas, bem como o desenvolvimento da indústria pecuária, criou uma repartição industrial, havendo contratado especialistas nos ramos, de agricultura, pecuária e indústrias correlatas: e, para iniciar uma propaganda prática, estabeleceu uma fazenda experimental em Macuco, no Estado do Rio de Janeiro, e está em via de estabelecer outros campos experimentais em Friburgo, Campos, etc.
A companhia, por meio desta repartição, está habilitada a aconselhar e auxiliar praticamente os Srs. fazendeiros, estando, outrossim, preparada para fornecer sementes e mudas de plantas, etc.
A companhia já mantém há tempos na Fazenda Benfica uma criação de touros e vacas da raça inglesa "Red Lincoln", porcos, "Large Black", etc., e além de vender os produtos, quer de 1/2, quer de l/4 de sangue, a preços módicos, está preparada para aceitar encomendas para importação do estrangeiro de animais reprodutores de raça, mediante o pagamento tão somente das despesas que se verificarem.
Nas estações da companhia será encontrado um mapa agrícola, especificando as culturas encomendadas para as diversas zonas, e, oportunamente, serão distribuídas brochuras, indicando o modo de tratar cada uma dessas culturas. Pede-se, no entanto, aos Srs. fazendeiros e agricultores que solicitem diretamente a repartição industrial todas as informações de que carecem, e, em certos casos que forem julgados necessários, poderão solicitar a presença de qualquer dos especialistas do seu respetivo ramo.

Jornal "O País", domingo, 4 de outubro de 1914



Grupo escolar

Devido à falta de frequência, está, ameaçado de ser fechado a qualquer hora o grupo escolar local.

Tratando dese fato, eis o que escreve o “Guarará”:

“As causas que motivam a infrequência são diversas, e aqui geral e publicamente comentadas. Poderiam ser sanadas, ou pelo menos minoradas, se as providências se fizessem sentir a tempo, o que infelizmente não se verificou.

Os diretores do município fizeram como Pilatos: lavaram as mãos e, ao que nos consta, declararam ao governo não assumirem a responsabilidade, se por acaso o estabelecimento sossobrasse, no que, aliás, fizeram muito bem.

Assim, só nos resta um caminho: solicitarmos do Exmo. Sr. Dr. secretario dos negócios do interior, antes de decretar a suspensão ou supressão do grupo, mandar sindicar dos motivos da infrequência, afim de que, fazendo justiça, não prive uma grande população escolar de instrução, população que garantimos ser em número superior ao exigido pelo regulamento, uma vez que da sindicância fique evidente que essa mesma população não é indiferente à instrução, como maldosamente se procura fazer acreditar”.


Bodas de ouro
Em 5 do corrente, completaram 50 anos de casados o respeitável cidadão Domingos Ferreira Marques e a Exma, Sra. dona Ana Ferreira Marques.
Durante esse longo período, o ilustre casal tem vivido e gozado da mais invejável e completa harmonia.
O nosso município deve a sua existência a essa respeitável família, digna, por todos os títulos, do nosso respeito e acatamento.

Varíola 
Foram aqui verificados dois casos de varíola.
As autoridades administrativa e policial tomaram as medidas reclamadas no caso, e, tão enérgicas e acertadas foram elas, que podemos quase garantir não haverá propagação e, “ipso-facto”, motivo para que a população se alarme.

Visita pastoril 
Com destino à cidade de Mar de Espanha, em carro especial ligado ao expresso da Leopoldina, passou em Bicas o virtuoso arcebispo desta arquidiocese, D. Silvério Gomes Pimenta.
A estação de Bicas estava literalmente repleta de fiéis que, precedidos da banda marcial Espiritosantense, sob a regência do maestro Alfredo José de Carvalho, aguardavam a passagem de S. Ex.

Jornal "O País", segunda-feira 16 de novembro de 1914



Seu progresso e desenvolvimento
A fundação do município de Guarará teve inicio em 1828, época em que, graças a generosidade de Domingos Ferreira Marques e sua virtuosa esposa, Exma. Sra. D. Feliciana Francisca Dias, que ofereceram o patrimônio de 40 alqueires de terras, foi criado, aqui, o curato denominado Divino Espirito Santo.

Em 1868, portanto, 40 anos depois, pela lei provincial n. 1.466, de 1° de janeiro, foi elevado a distrito de paz, do município do Mar de Espanha. Foi elevado a vila e a município, com a denominação de Espirito Santo do Mar de Espanha, por decreto estadual n. 278, de 5 de dezembro de 1890. Foi instalado a 1° de fevereiro de 1891.

Tomou a denominação de Guarará, por decreto estadual n. 343, de 22 de janeiro de 1892, e a de "Espirito Santo do Guaraná", por lei estadual n. 84, de 6 de junho de 1894.

Este município compreende cinco distritos: Guarará, Bicas, Maripá, Santa Helena e Forquilha: os dois últimos ainda não empossados.

O distrito de Bicas, por causa das oficinas da "The Leopoldina Railway" e do trânsito de passageiros, é mais importante que o da vila, com a qual se comunica por telefone e uma linha de bondes.

Telefonicamente se comunicam, também, os demais distritos.

O território do município de Guarará compreende 396 quilômetros quadrados, e confina com os municípios de Rio Novo, São João Nepomuceno. Leopoldina, Mar de Espanha e Juiz de Fora.

Está a 600 metros de altitude.
Produz muito café, fumo, cereais. aguardente e açúcar de cana, e também e já bem desenvolvida indústria pastoril.
As fazendas cafeeiras da famosa serra de Bicas são tidas como das melhores, na região da Mata.
A sua população é de 19.000 habitantes, e o seu quadro eleitoral de 1.284 eleitores. Faz parte da 2ª circunscrição eleitoral do Estado, e do 2° distrito federal.
Contribui anualmente para o erário público, em média, com 87:000$, assim distribuídos: renda municipal, 32:000$; estadual, 35:000$, e federal, 20:000$000. Nesta soma não estão computados os impostos de exportação, trânsito e sobretaxa.
O município de Guaraná é cortado pela Estrada de Ferro Leopoldina, e pertence á comarca de Mar de Espanha.
Tem quatro agências postais com correio diário e três cooperativas agrícolas, confederadas á Cooperativa Agrícola de Bicas, reconhecida e auxiliada pelo Estado.
Existem no município: propriedades, agrícolas, 410; contribuintes, do imposto territorial, 991; casas comerciais, 92; engenhos de cana, 73; máquinas de beneficiar café, 18; idem de arroz, cinco; farmácias, quatro; padarias, seis; hotéis, dois; açougues, de vacum, três, e de suínos, três; olarias, seis; casas de bilhares, duas; salões de barbearias, cinco; fábricas; de bebidas, uma; de manteiga, duas; de ferraduras, uma; e de confeitos, uma; oficinas: de serralheiro, duas; de ferreiro, três; de sapateiro, sete: de ourivesaria e relojoaria, duas; do seleiro, duas; de alfaiate, sete; de marcenaria, três; de caldeireiro, quatro; refinação de açúcar, uma; teatros, dois; cinema, um; dentistas, cinco; pirotécnicos, três; compradores de café, 11; procuradores de parte, dois; médicos, cinco; professores de música, dois; bandas, de musica, três, e três jornais, todos de publicação semanal.
Os edifícios públicos são em número de 12, sendo seis municipais e seis estaduais. Destes, foram doados ao Estado: um, o antigo Paço Municipal, pelo Sr. Francisco Carneiro, e dois, os que servem de quartel ao destacamento policial, pelo senhor Domingos Padula, já falecido.
O poder legislativo municipal de Guarará é exercido por nove vereadores, inclusive o agente executivo, e dele fazem parte, atualmente, os seguintes cidadãos: coronel Joaquim José de Souza, presidente, e agente executivo municipal; coronel Francisco de Paula Retto Júnior, vice-presidente; tenente-coronel Vitor Belfort de Arantes, capitães Antonio Mendes, Antero Soares de Almeida e Bertoldo Garcia Machado, vereadores gerais: José Duarte de Souza Marques, capitão Cornélio Duarte Medina e major Gervásio Evaristo Monteiro de Rezende, vereadores especiais, respectivamente, pelos distritos de Guarará, Bicas e Maripá.

Jornal "O País", ANNO XXX, N.º 11.023;
Rio de Janeiro, sábado, 12 de dezembro de 1914.

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