sexta-feira, 1 de junho de 2012

1901 a 1910

- NO ANO DE 1901 -




Eleitos em 21 de novembro de 1900 para o triênio 1901/1904

Administração municipal
Presidente da Câmara e Executivo Municipal:
Dr. Emilio Luiz Rodrigues Horta

Vereadores Gerais:
Cap. Aníbal Ferreira Marques, Cap. Josino Ribeiro da Silva, Tte-coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira, Cel. Antonio José Gomes Bastos e Laudelino Rabelo de Vasconcelos

Vereadores Especiais:
João dos Passos (pela Sede), Firmino Dias Tostes (por Bicas) e Gervásio Evaristo Monteiro de Rezende (por Maripá)

Conselho Distrital  de Bicas
Manoel Francisco Portugal (Presidente e Executivo) Mario de Miranda Horta e Sebastião Gomes Bastos (Conselheiros)

Conselho Distrital de Maripá:
Avelino Ferreira da Fonseca (Presidente e Executivo), Pedro Marcel Deson e Teófilo da Silva Ramalho (Conselheiros)

Juízes de Paz
(pela Vila); Deolindo Valério da Cruz, Cap. Emídio Braz dos Santos e Ricardo Guimarães; (por Bicas); Tte-coronel Joaquim José de Souza, Tte Domingos Juliane e Alvaro Fernandes Dias e (por Maripá); Cap. Francisco de Paula Retto Júnior, Com. Domiciano Monteiro de Rezende e Silvino da Costa Matos.


Jornal "Gazeta de Guarará", ANNO IV, N.º 1124
Guarará, 29 de novembro de 1900.



  - NO ANO DE 1904 -

O município de Guarará, compreende o distrito de São José de Bicas. 
População 13.000 habitantes com 831 eleitores

Delegado de Policia
Alferes Marcilio Antonio de Castilho.

Escrivão
Francisco Barnabé da Fonseca Barroso.

Fazendas
Salomão Abrahão.

Médicos
Dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro.

Imprensa :
Jornal "O Povo", publicação semanal. Editor Ladislau Rabelo de Vasconcelos.


  - NO ANO DE 1906 -

O município de Guarará, compreende o distrito de São José de Bicas. 
População 13.000 habitantes com 831 eleitores

Delegado de Policia
Alferes Marcilio Antonio de Castilho.

Escrivão
Francisco Barnabé da Fonseca Barroso.

Fazendas
Salomão Abrahão.

Médicos
Dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro.

Imprensa :
O Filhote, O Guarará, O Povo, proprietário Adelino Rabelo de Vasconcelos.



  - NO ANO DE 1908 -


           Partido Republicano Guararense tem a sua constituição definida no dia 4 de fevereiro de 1908, onde são eleitas diretoria e diretórios, assim assim formados:
          Diretório Central: Cel. Arlindo Ribeiro de Oliveira, presidente, Cel. Álvaro Fernandes Dias, dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro, Cap. José Marinho Mota Bastos, major José Pereira da Costa Rangel.
          Diretórios distritais:
          Guarará - Cap. Francisco Pinto Ferreira, major José Alvares de Oliveira Júnior,Cap. Joaquim Alexandre de Souza,Cap. Fortunato Pacheco da Silva, Cap. Luiz Fabris.
          Bicas - Cel. Laudelino Rabelo de Vasconcelos, major Gil Braz de Souza, Cap. José Luiz Varanda, Cap. José Pires de Mendonça, Cap. Alfredo Ribeiro de Barros.
          Maripá - Cap. Antonio Ferreira Martins, major Ricardo José Coelho (*) , Cap. Emídio da Costa Ribeiro, Cap. Delfino da Costa Carvalho,Cap. Teófilo da Silva Ramalho.

Jornal, "Pharol", ANNO XLII, N. 60
Juiz de fora, sábado 29 de fevereiro de 1908


(*) O major Ricardo José Coelho, antigo morador do distrito de Maripá, faleceu em Rochedo de Minas, on de passara a residir, no dia 29 de outubro de 1919 de vítima de uma lesão cardíaca.

 - NO ANO DE 1910 -

O município de Guarará, compreende o distrito de São José de Bicas. 
População 13.000 habitantes com 831 eleitores

Administração policial 
Delegado de Policia: Alferes Marcilio Antonio de Castilho. 
Escrivão: Francisco Barnabé da Fonseca Barroso.

Instrução Pública
Direror do grupo escolar: Fausto Gonzaga (diretor nos anos 1909 e 1910, se transfere para Além Paraíba, como diretor do Grupo escolar Dr Castelo Branco e em Guarará assume a Dona Maria José de Carvalho, como diretora do Grupo Escolar).

Estação de Bicas: Maria Esther de Aquino e Castro.

          OBS: Em 30 de maio de 1909, foi instalado o Grupo Escolar de Guarará e Fausto Gonzaga foi seu primeiro diretor. Todavia em 1903 surgira a Escola Pública de Guarará, regida pela profª normalista Sra. Dona Amandina Carmelita de Magalhães.

Imprensa :
O Filhote, O Guarará, O Povo, proprietário Adelino Rabelo de Vasconcelos.
 
Comercio
de Fazendas
: Salomão Abrahão.

Profissões:
Médicos: Dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro.

Criadores: Cornelio Batista de Castro, Maria Batista de CastroJoão Batista de Castro Júnior e José Luiz de Sousa.       

*-*-*

          "Não passou despercebida este ano, nesta vila, a gloriosa data — 13 de maio — data que está inscrita nas paginas da historia pátria, assinalando uma das mais belas conquistas da liberdade.
Felizmente tivemos um improvisado e modesto festejo, constante do seguinte:
          Á noite, depois de terminadas as cerimônias religiosas do Mês de Maria, que está aqui sendo festejado com magnificência e esplendor, por iniciativa de quarenta e três das nossas mais gentis e cativantes senhoritas, a magnífica banda musical deste lugar executou, no coreto em que toca por ocasião dos leilões, e antes de começar o desse dia, o majestoso e inspirado — hino do Centenário — do nosso jovem patrício Nicolino Milano (Professor de violino e maestro em Juiz de Fora), sendo o mesmo hino cantado pelas senhoritas Maria Alvarenga, Carmosina Alvarenga e Judith Alvarenga, Maria Joaquina de Carvalho, Judith de Oliveira, Cacilda de Oliveira e Olympia Santos, professora pública, e os srs. Miguel Piccoroni, Ostiano José da Cunha, Juvêncio Maciel e Cândido Araújo.
          Ao terminar, irromperam entusiásticos os aplausos e geral foi a satisfação causada aos assistentes.
          Usaram então da palavra os srs. major Francisco Baptista de Alvarenga e Francisco da Silva Diniz, promotor interino em Mar de Espanha, que disseram bonitos discursos análogos a lei áurea, aos lutadores pela causa da abolição, ao gabinete libertador e à ex-princesa, d. Izabel, a redentora, como ficou cognominada, terminando ambos levantando vivas á Patria Brasileira e a Liberdade, vivas que eram entusiasticamente correspondidos e seguidos do hino nacional, magistralmente executado pela banda.
          Terminado o leilão de prendas, organizou-se uma marche au flambeaux, que percorreu as principais ruas da vila, sendo sempre acompanhada pela banda musical, que executou ainda algumas vezes o hino do Centenário, cantado também pelas respectivas senhoritas.
          Diversas casas embandeiraram e iluminaram suas frentes, e o coreto, onde foi primeiramente executado o hino, achava-se caprichosamente decorado.
          Foi uma lesta singela, modesta, mas que deixou ao povo gratas impressão e recordações.
Guarará, 15-5-900."

Jornal "O Pharol", ANNO XXXIV, N.º 270,
Juiz de Fora, sábado, 19 de maio de 1900



Por decreto do sr presidente de Minas Gerais, foram nomeando os cidadãdos capitão João dos Passos, José Vieira Camões e Octaviano Pinto de Rezende, para 1º, 2º e 3º suplentes do delegado de policia do município de Guarará. Capitão Josino Ribeiro da Silva, Joaquim Fróes Vieira Pisco, João Fartado e Joaquim Alexandre da Silva, para subdelegado, 1º, 2º e 3º suplentes do distrito da Vila; capitão Joaquim Coelho de Faria, tenente João Angelitto, Benvindo Gotelipp e tenente Ângelo Padula, para subdelegado, 1°, 2° e 3° suplentes do distrito de Bicas; capitão João Leite Guimarães, Francisco de Azevedo Netto, José Alves Pereira e João Garcia Machado, para sub-delegado, lº, 2º e 3º suplentes do distrito de Maripá, todos do mesmo município de Guarará.

Jornal "O Pharol", ANNO XXXVII, Nº 461, 
Juiz de Fora, terça-feita, 30 de dezembro de 1902.     


                Secretaria da policia
                Foram nomeados os cidadãos José Pinto Soares Junior, Luiz Fabris e Rodolpho Padilha para sub-delegado, 1o e 2o suplentes do distrito da Vila de Guarará; Alfredo Ribeiro de Barros e Reginaldo João Ferreira para 1º e 2º suplentes do sub-delegado do distrito de Bicas do mesmo município de Guarará.
Jornal "O Pharol", ANNO XXXVIII, Nº 1095, 
Juiz de Fora, sexta-feita, 10 de junho de 1904. 

               No dia 2 de outubro (de 1904) são lançadas as bases do PARTIDO REPUBLICANO GUARARENSE. - "... com a presença de cerca de 200 pessoas, todos eleitores do município, efetuou-se domingo último em Guarará, uma reunião política.
              Deu começo aos trabalhos, explicando os motivos da reunião o sr. barão de Cattas Altas, um dos seas convocadores e convidou, depois de agradecer a presença do eleitorado, ao sr. dr. Antero Dutra de Moraes para assumir a presidência.
              Discutida a preliminar da denominação do novo partido, ficou deliberado que, organizado sob as bases do Partido Republicano Mineiro, se denominará ele -Partido Republicano de Guarará. Passou-se em seguida à organização dos diretórios e à escolha dos candidatos aos diversos cargos eletivos."

 Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX, Nº 2103, 
Juiz de Fora, sábado, 08 de outubro de 1904. 

            Faleceu em sua fazenda de Santa Helena, no município de Guarará, o sr. major Firmino Dias Tostes, importante lavrador e chefe político, estimado por suas excelentes qualidades.

Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX, Nº 2166, 
Juiz de Fora, quinta-feira, 22 de dezembro de 1904 

           Segundo o jornal o pharol de quinta-feira, 12 de janeiro de 1905, foram nomeados para promotores adjuntos para o distrito de Guarará o, comarca de Mar de Espanha o tenete Menezes da Silva Telles e para o distrito de Bicas, o tenente Vicente da Costa Milagre;

Jornal "O Pharol", 
Juiz de Fora, quinta-feira, 02 de fevereiro de 1905

Guarará
Do correspondente, em data de 29 de janeiro (de1905):
          O sr. tenente-coronel Francisco de Paula Retto Junior, digno presidente da câmara e agente executivo deste município, no propósito em que está de promover os melhoramentos possíveis, esteve em Bicas, cujo perímetro percorreu para conhecer, de visu, suas necessidades e prove-las.
          Proceda s. s. sempre assim; procure conhecer pessoalmente os melhoramentos de que carece o município e não lhe faltarão aplausos dos que, acima da politicagem, colocam o bem comum.
          Para collaborar, eficazmente, na administração municipal, sem cogitações políticas, tomará posse, segundo, podemos afirmar, do cargo de vereador o sr. dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro, incansável batalhador, para que se unifique a politica do município.
          Ilustrado, honesto e experiente como os que mais o sejam, sua ação na câmara, ao lado do tenente-coronel Joaquim José de Souza, Retto Junior, Deolindo Cruz, dr. Horta, Ribeiro da Cunha, etc, será mais de paz e concórdia. do que de oposição pela qual foi eleito.
          Sabemos mais que o exmo. sr. barão de Cattas Altas, seu companheiro de representação, acha-se, como aquele, animado dos mesmos sentimentos. As sim teremos uma câmara só ocupada no bem geral, o que é uma felicidade para o município, que pelo seu tamanho e recursos longe está de progredir com uma política de ódios e prevenções pessoais.
          Já vai faltando paciência ao povo para esperar, por mais tempo, que a administração da Leopoldina se resolva a dotar Bicas com uma estação digna deste nome, dos fins a que se destina e do lugar a que serve.
          Ao passo que melhoramentos destes e de outros gêneros se vão fazendo em toda linha, o barracão de Bicas continua a afrontar a civilização e á arte, à higiene e à comodidade, a que tem direito o público pagante.
          Com armazéns acanhadíssimos para o movimento de café e de mercadorias, que ficam muitas vezes na plataforma expostas ao temporal; sem uma sala de espera para as famílias que desejem embarcar ou esperar pessoas caras; sem conforto algum, é antes um pardieiro indecente do que uma estação propriamente dita.
          Esperamos que o ilustre superintendente sr. Percy Clarck providencie para sua substituição para não sermos forçados a voltar ao assunto.
          Na noite de 25 para 26 do corrente, a propriedade do sr. tenente coronel Joaquim José de Souza, proprietário e capitalista em Bicas, ia sendo vitima de gatunos. Estes foram percebidos pela criadagem e perseguidos pelos cães, pondo-se em fuga e disparando tiros á distância. O destacamento de 6 praças, sempre desfalcado, é, como se vê, insuficiente para garantir a propriedade no município, exposta assim aos mais audazes. Para quem apelar, quando o próprio presidente do Estado diz: que a ordem e garantia individual estão mantidas pela pacatez apenas do povo mineiro?
          A coletoria de Guarará, sob a gerencia do zeloso funcionário sr. capitão Mario Horta, tem excedido, em rendimento, á expectativa gerai, devido, em grande parte, á nova forma de impostos. Mais de espaço daremos o seu movimento mensal bem como o da estação de Bicas, a mais importante do trecho Serraria á Ligação, se o Inglês, entendamos, nos der licença para tanto.
          Continua a inspirar cuidados o estado de saúde da exma. esposa do sr. tenente coronel Alvaro Dias, tendo havido uma conferência entre os drs.  Belizario da Cunha Monteiro de Castro e José Pedro, residentes em Rio Novo e especialmente chamados para este fim, e cujo resultado desejamos que seja satisfatório


 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, quinta feira, 09 de fevereiro de 1905


Guarará
Do correspondente, em data de 7 do corrente (fevereiro de 1905):
          Um ato verdadeiramente vandálico e deprimente da civilização de que todos nos jactamos, com maior ou menor dose de egoísmo, foi o que se deu no cemitério desta vila e ao qual se referia, em termos enérgicos, "O Guarará" de 29 do passado.
          Mãos criminosas, ao serviço de entes pequeninos, penetraram no campo santo e aí quebraram e inutilizaram pedras e colunatas que ai se achavam para a construção de um mausoléu sobre os restos mortais de uma veneranda senhora, progenitora de numerosa descendência e cujos filhos, todos colocados, gozam das mais legitimas simpatias neste município.
          É contratante da construção do mesmo, o sr. capitão José Vieira de Camões e, a inimigos seus, se atribui a prática de semelhante vilania.
          De triste meio se serviram para vingar-se, porque, nem ao menos, conseguem prejudica-lo.
          Uma coisa conseguiram os autores de um ato tão reprovável, deixar bem patente, e è: que em Guarará, mesmo os mortos não gozam de repouso reverente a que têm direito em sociedade católica.
          Reuniu-se no dia 5 do corrente (fevereiro de 105) o diretório político local, sob a chefia do coroenl José Ribeiro para o fim especial de preencher as vagas deixadas pelo sr. major Firmino Tostes, de suadosa memória, na câmara e no diretório [do partido] . Procedendo-se à votação veirificou-se a escolha do sr. capitão José Vieira para candidato a vereaça nas eleições que se vão procedr no dia 12 do corrente (fevereiro de 1905), sendo para o diretório eleito o sr José Marinho da Mota Bastos.
          Continuam para lisadas as obras da matriz de São José de Bicas e, seundo consta, não terão andamento enquanto o ilustre diocesano não tomar certas providências em tempo prometidas e ainda não postas em p´ratica, vai para mais de ano, o que muito desgostou, senão toda, grande parte da comissão que, com sacrificio e dispendio, prosseguia na construção da referida matriz.
          É porque Bicas, que conta peto de duas mil almas, sendo de cinco mil a população do distrito, não dispõe de um temlo, onde possa ouvir a palavra de Deus e prestar-lhe o culto devido. Que o ilustre prelado venha ao ncontro das aspirações do povo, masi de uma vez, manifestadas à s excia, por comissões diversas, e terá assim, não só concorrido para que não se entibie a fé, que vai, pouco a pouco, desaparecendo deste distrito, como fará jus à estima e consideração que lhe são devidas, como cehefe espitirual deste pedaço de sua diocese, que precisa de outros cuidados, quais não vêm apelo aqui referir, mas que s. excia não ignora.
          Que sua exma revedma providencie, quanto antes, pra que os intereses espirituais de Bicas sejam melhor encamninhados são os votos dos verddeiros catolicos, daqueles que desejam os interesses da religião acima da mercancia do preço fixo seguido, com raras excedssões, em toda a zona da mata, onde batizados e casamentos não se fazem, às vezes, porque o padre exige uma esportula superior às forças dos pais ou nubentes.   
           Acha-se empossado, o recentemente nomeado para o cargo de promotor adjunto de Bicas o sr. Vicente Milagres.
          Devido a força maior ainda não se pode reunir a câmara para tomar contas ao ex-agente executivo, o dr. Emilio Horta, cujo relatório já foi pulicado pelo [Jornal O] "Guarará".
          Perdeu Bicas, em poucos dias, a permanência de quatro famílias, três das quais foram aumentar a já populosa Juiz de Fora, onde as recentes indústrias fornecem meios de vida, a par de um clima ameno e da hospitalidade de seus habitantes.
          Quando todos os lugares procuram, nas indústrias, a vida que lhes foge nesta época de verdadeira asfixia para a lavoura e o comércio, Bicas, como todo este município, permanece descuidosa do dia de amanhã, dando lugar a que famílias e mais famílias emigrem para outros pontos á procura de trabalho, que aqui escasseia.
          No curto espaço de seis meses, contam-se por dezenas, o número de famílias que se mudaram de Bicas para o Rio, Petrópolis, Juiz de Fora e Lafayette, e muitas outras se preparam para fazer o mesmo. O prejuízo que advém deste estado de coisas é fácil de se calcular.    
          Entretanto, este município, por sua colocação geográfica, por seu clima ameníssimo, muito podia se desenvolver, ai o interesse de cada um se associaria ao interesse geral para dar-lhe vida própria, como a tem essa cidade, donde tem partido louvável imitação para outros pontos, como, para não citar outros, Tabuleiro do Pomba, onde já sobe a mais de 80 contos o capital adquirido para a montagem de uma fábrica de tecidos.
          Bicas, como nenhum outro lugar, tem elementos para progredir. Servida por estrada de ferro, com um clima excellente, está nos casos de tornar-se um núcleo industrial de primeira ordem.
          Basta que homens como o tenente coronel Joaquim José de Souza, coronel José Ribeiro, capitão Octaviano Rezende, major Francisco Bianco, barão de Cattas Altas, tenente coronel Joaquim Bastos e muitos outros encarem de frente esta questão e se coliguem para montar em Bicas uma fabrica de tecidos, de chapéus ou de papel e verão valorizadas suas propriedades; obstarão por esse meio o constante êxodo de famílias e farão jus á benemerência dos vindouros, além de concorrer para que Bicas seja um centro de trabalho e culto, porque, onde chega o trabalho honesto, está aberta a estrada à instrução.
          Reflitam bem os homens de responsabilidade deste município e verão que o próprio instinto de conservação lhes deve aconselhar o que, sem pretensões nem rodeios, aqui deixo bem claro. Querer é poder. Mãos á obra e não se arrependerão.

*-*-*

          O Presidente do estado de Minas nomeia aos cidadãos Capitão Octaviano Pinto de Rezende, Capitão Emygdio Braz dos Santos e capitão Bernardino Ortiz Dias, para 1º, 2º e 3º supentes do delegado de polícia do município de Gusrará; alferes Domingos Augusto de Andrade, Josaquim Alexandre de Souza e Alfredo de Souza Leite, (*)  para subdelegados, 2º e 3º suplentes do distrito da mesma vila; capitão Viriato Pinto Campos, para 2º suplente do subdelegado de policia do distrito de Bicas,; tenente José Tempone, para 1º suplente do subdelegado do distrito de Maripá, todos do mesmo município de Guarará.

(*) - Alfredo de Souza Leite (24/3/1875-19/10/1956) era casado com Tereza Tempone Leite (23/5/1888-17/1/1952).

 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, domingo, 02 de abril de 1905.


        Empossou-se no cargo de vereador à câmara, na vaga aberta com o falecimento do sr. major Firmino Tostes, de saudosa memória, o sr. José Vieira Camões, ultimamente eleito.
       No dia 3 do próximo vindouro mês (maio de 1905), reunir-se-á, em sessão extraordinária, à câmara municipal para dar posse aos vereadores: dr. Belizario da Cunha Monteiro de Castro e barão de Cattas Altas, membros eleitos pela minoria no pletio de novembro.
        Entra em vigência a Lei nº 1.269, de 15 de Novembro de 1904 que reforma a legislação eleitoral, e dá outras providencias. São remetidas cinco cópias da referida Lei ao ajudante do procurador da República, em Guarará, em resposta ao ofício de n. 2 do corrente mês (abril de 1905) com outras instruçõs sobre a reforma eleitoral.
Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX 
Juiz de Fora, quinta-feira, 18 de abril de 1905

           De Bicas (Guarará) nos dirigiram a seguinte carta, com pedido de publicidade:
"Sr redator. - Como sabe, as coletorias estaduais estão chamando a pagamento, até o fim do mês corrente, para o imposto territorial. Os coletados (a julgar por mim) estão esmagados sob impostos e com a presente colheita de café, cujo produto só se pode apurar de julho em diante; seria bom adiar o pagamento. Parece-me de toda justiça pedrir-se ao governo a prorrogação sem multa por mais 30 a 60 dias, e lembro ao "O Pharol" tão justo pedido. Se v. concordar, a classe de contribuintes lhe deverá mais este serviço. Eu, pequeno contribuinte deste município, agradecerei se o tomar em consideração. Com estima, etc."

Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX, Nº 117
Juiz de Fora, terça-feira, 23 de maio de 1905

        Vitima de uma congestão cerebral, finou-se sábado em Guarará, a exma sra dna Zulmira Maria Teixeira, viúva do malogrado jornalista Francisco de Sequeiros Teixeira. (*)
          A inditosa senhora achava-se de passeio em casa do sr. Francisco Carneiro, quando foi acometida da enfermidade que em menos de 24 horas ceifou-lhe a vida.

Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX, Nº 177, 
Juiz de Fora, sexta-feira, 21 de julho de 1905

       O Sr Secretário do interior do estado de minas gerais nomeia como delegado de polícia especial para a 2ª circunscrição da Zona da Mata, o capitão José Francisco Paschoal. A 2ª circunscrição compreendia os municipios de Rio Novo, São João Nepomuceno, Pomba, Guarará e Mar de Espanha e tinha a sua sede em Rio Novo.

Jornal "O Pharol", ANNO XXXIX, Nº 179, 
Juiz de Fora, domingo, 23 de julho de 1905


          Pode-se qualificar de patriótica, a ideia levantada pelo operoso confrade Joaquim Fróes Vieira Pisco, redator do Guarará.
          No sentido de prestar um bom serviço á instrução publica, esse colega lançou a iniciativa da fundação naquele município de uma escola primaria.
          Para a consecução deste empreendimento basta que cada câmara municipal dos diversos municípios do Estado tome uma assinatura, que custa mensalmente 10$000, do periódico Guarará, que, seja dito, é uma folha bem feita interessante.
          Com essa iniciativa, que envolve um plano verdadeiramente engenhoso, Vieira Pisco terá realizado o ideal altruístico que ora o preocupa, pois é bem de ver que nenhuma das municipalidades se recusará a essa pequena contribuição, em prol de um melhoramento que visa tão nobilitante fim e cujos resultados são proveitosos à coletividade.
          Outros jornais certamente imitarão o exemplo do Guarará, de sorte que em cada município, com a contribuição dos demais, poderá existir uma escola congênere, contribuindo, dessa forma, o jornalismo, direta e patrioticamente, para a disseminação do ensino tão descurado, nos últimos tempos, pelos poderes públicos, que, já estou cansado de dizer, repetem a velha e moída canção de que o único problema que lhes toma tempo e dedicação é a estafadíssima política, a qual há de servir eternamente de dique ao desenvolvimento de quanto vise o progresso e a civilização dos povos.
          À imprensa deve-se, pois, mais esse serviço, que vem aumentar a lista enorme dos benefícios que ela presta à humanidade, que tão mal agradecida, em todas as épocas, se lhe mostrou.
          Abra-se sem demora a escola do Guarará. Acorrerão ao apelo de Vieira Pisco todas as municipalidades, e se o exemplo encontrar imitadores teremos em cada município do Estado um templo do ensino, sob os auspícios da filha dileta de Gutemberg, revelando aos governos, que onde morre desidiomente a sua iniciativa pode erguer-se impávida a força indomável, que é o jornalismo, para lhe dar lições de altruísmo.
          Elogiando, sem condição, a lembrança do redator do Guarará, só aguardo o dia da inauguração da escola, para aplaudir também àquelas municipalidades que tiverem contribuído para esse melhoramento, cujos resultados são fáceis de avaliar.
          Desta forma, a imprensa dará, no terreno da prática, uma exemplaríssima lição a esses governantes de uma figa, que tanto têm malbaratado a instrução popular, coisa que existe apenas como símbolo, inexpressivamente, apagadamente para desonra do povo mineiro - L.

          Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, quinta feira, 07 de dezembro de 1905

Guarará    
Desde o ano nefasto de 1901; que "são grandes os descontentamentos da população e principalmente dos lavradores, com o excessivo aumento de impostos": entretanto, todas as classes da população, fazendeiros e meeiros, comerciantes e caixeiros, carpinteiros e industriais, os operários, os artistas, todas, emanadas no mesmo ideal, renovaram, o mandato dos atuais vereadores.
          Só o ódio velho, velado prenhe de vinganças em parte realizadas, mas ainda latentes, de envolta com aspirações nunca alcançadas de uma colocação "vantajosamente remunerada", não deixa ver essa prova, incontestável da falsidade da afirmação.
          É um mal que obceda os espíritos fracos e malévolos, inatamente propensos a julgarem mau e desonesto tudo que é feito sem o seu concurso, mas que lhes deixa raros momentos de lucidez, nas quais entrevem a continuidade do mal, na continuidade do apoio, franco decisivo, que perpetuará "os grandes descontentamentos" que chegam "a indignação."
          A tabela de impostos aprovada para o exercício de 1900, é igual, quanto á taxa, á de 1902; contém, porém, medidas de proteção à produção da lavoura do município. Entre elas, destaca-se a que tributou a aguardente - gênero que este município produz em grande quantidade - procedente de outro território e entregue ao consumo local.
          "De cada fração de 50 garrafas de aguardente procedente de outros municípios e despachada pela estrada de ferro para consumo neste município, 1$", diz o § 15 do art. 2o da lei n. 72 de 29 de outubro último.
          Eis o imposto que sabiamente foi classificado de trânsito e como tal, incidente no artigo 75 n. XII da Constituição Mineira! Eis uma medida de proteção à lavoura e legal, classificada de inconstitucional e de onerosa para os lavradores do município! Eis o que fizeram os vereadores, levianamente qualificados de inaptos, por quem acaba de subscrever contra si próprio o mais convincente atestado de inaptidão.
          O fazendeiro pagara à Câmara em 1900, os mesmos impostos que têm pago desde 1898.
          De fato, está "proibido de fazer favores", não de agora, mas desde 1903.
          O § 58 da proposição sobre tabela de impostos, apresentada pelo agente executivo em 1902, dizia: "De cada máquina de beneficiar café nas fazendas, perceba ou não, paga 50$." Foi alterado pelas emendas ns. 10 e 11, escritas e assinadas pelo vereador (suplente em exercício) capitão Cornelio Duarte Medina, nos seguintes termos: "N. 10. Ao § 58, em vez de perceba ou não, paga 50$, diga-se 30$. N. 11. Em seguida ao § 58: preparando café para outrem ainda que gratuitamente 100$".
          É assim que se escreve a história... o feitiço virou contra o feiticeiro e o cabra quebrou a foice da degola e ficou com cara de taxo rachado, na engraçada expressão das estouradas cá da terra.
          O fazendeiro nada pagará para vender no município ou para exportar, milho, aguardente, lenha, porcos etc; a lei aí está e não há como inferir tamanho dislate de uma proposição tão clara.
          A câmara tributou, é verdade, a exportação de galinhas e ovos, comércio este que nunca é explorado pelo criador, (que não há propriamente dito no município); mas sim, por terceiros que compram às pequenas porções aqui, ali, acolá, aos meeiros e colonos, por preços Ínfimos, encarecendo o mercado local.
          É bom dizer, que o imposto recai sobre a pessoa que exerce esse comércio, comprando para exportar.
          Que há de espantar com a despesa decretada de 1:000$ para a construção de um teatro?!
          Lá, no palco, os criminosos são sempre castigados; cá na sociedade, os assassinos, os vigaristas, os ratoneiros, vivem jactanciosamente impunes. São figuras de teatro.
          Que há de novidade na gratificação de 550$ aos escrivães do alistamento federal?!
          Esse serviço - que unificou os alistamentos - aproveita o município. Assim o entenderam diversas Câmaras Municipais.
          Não houve aumento de ordenados; só o fiscal geral, que neste exercício ganha 60$ por mês (!) passará a ganhar, em 1906, 80$000.
          O Ajudante do Procurador da República, devidamente autorizado, fez despesas com o alistamento; legalizadas as contas, requereu o pagamento á delegacia fiscal que aguarda ordens do Ministro do Interior.
          É estranhavel essa delonga, pois, a delegacia fiscal afirmara em telegrama, estar autorizada a efetuar todos os pagamentos.
          A Câmara Municipal, julgando procedente e justas as alegações do presidente da comissão de alistamento, deferiu o seu requerimento e vai pagar em 1906 a conta, recebendo desde já a transferência da divida que a União, certo, pagará.
          Não fez a Câmara, como se vê: uma despesa, apenas autorizou um adiantamento que não prejudica ao município.
          Não é disposição nova - como pensa, aliás, muita gente boa, louvado seja Deus - "para aumentar o ordenado do secretario da câmara já vantajosamente remunerado" (150$ por mês!) - a que dá a esse funcionário o direito de receber pelos atos que praticar a requerimento de partes, os emolumentos taxados no regimento de custas do Estado; a Câmara apenas incluiu na tabela de impostos - § 18 da lei n. 1 de 11 de setembro de 1892, sancionada pelo Barão de Catas Altas e ainda em vigor. Nesse ano, o atual funcionário ainda não residia neste município, e já o citado § 18 dava ao secretário os emolumentos que [cujas custas fossem levantadas] na rua e em casa. Tão falto de bom censo, é também o caso da revogação feita pela Câmara de leis federais; não merece contradita.
          Cada um dos representantes do município na Câmara Municipal, pôde, sobranceiro, erguer a fronte onde quer quê seja, sem receio de curvá-la á acusação de ter praticado jamais, um ato criminoso. Os seus atos de homem público e particular, são calculados nos ditames da honra e da justiça, servidas por um espírito lúcido e esclarecido.
          Daí vem o apoio moral e material a esses prestimosos cidadãos, das classes laboriosas do município, que preferem ao belo talento, o bom caráter, ao sábio caloteiro, o inepto honrado.
          Há, todavia, uma censura real, incontestável, unanimemente proferida, mas única, e atinge ao subdelegado:
          Os gatunos aqui são bem tratados, o subdelegado dá-lhes que comer na cadeia e até em suas casas.


 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora,  09 de dezembro de 1905.


Guarará
        Ao cavalheiro que, na "Seção Livre" do Pharol de 9 do corrente, procurou contrariar as nossas afirmativas insertas no referido jornal de 29 do próximo passado quanto aos atos da administração municipal, nada respondemos porque, em primeiro lugar ele não destruiu e até pelo contrario, confirmou quanto dissemos; em segundo lugar, porque não estamos dispostos a sustentar polêmicas e em terceiro, finalmente, porque não sabemos com quem teremos de discutir, visto que o nosso suposto contraditor oculta o seu nome, e então, tanto pode ser um cavalheiro distinto, como um moleque.
          Na dúvida, deixemo-lo de lado e continuemos nas nossas apreciações quanto aos atos da câmara municipal de Guarará. Dentre os absurdos praticados pela câmara de Guarará ao votar a tabela de impostos para o exercício de 1906, temos a acrescentar mais os seguintes:
          "De cada pessoa que pedir café para casas de comissões, ou para agentes destas, seja assalariado ou não, 50$000."
          Se a lei é igual para todos, não sabemos porque ficaram excluídos os representantes de casas de fazendas, armarinho, ferragens, etc., quando todos exercem a mesma profissão.
          Também estão isentos do imposto aqueles que pedirem café para casas exportadoras, porque o que paga imposto é só aquele que pedir café para casa de comissões. É uma exceção odiosa que não pode ficar sem reparos, tanto mais que os próprios amigos do comissário, e de seus agentes, não podem nem ao menos fazer-lhe o favor de angariar uma remessa de café.
          O imposto é exigível de quem exerce uma indústria ou profissão, e não nos parece que seja profissão de ninguém pedir-se a um amigo uma remessa de café para um comissário a quem se deve finezas ou de quem se é parente e amigo. Do mesmo modo onde se vê: "De cada pessoa que ferrar animais - perceba ou não, paga 15$000.
          Se o ferrador não percebe paga, se vai fazer um favor, como pagar imposto?
          Determinou a Câmara que de cada apólice que se transferir tem de se pagar, em selos, 2$000 e ao secretário, 1$000. Há muitos anos que aqui se faz transferência de apólices, mesmo em tempos que o secretário ganhava cem mil réis por mês e nunca ninguém se lembrou desta contribuição; agora que o secretário ganha 1:800$ por ano, com mais razão devia o registro ser feito gratuitamente, porque para isto é que ele é pago.
          Estabeleceu a Câmara mais que o adquirente de imóveis, deverá registra-lo em livro especial, no prazo de 30 dias quando a transferência for causa mortis, e no de três dias, quando for inter-vivos; já se vê, pagando ao secretário 1$000 pelo registro.
          Sem tratarmos do absurdo desta disposição, porquanto é sabido que a escritura de compra e venda pode ser passada em qualquer lugar, e, portanto, quem, no Amazonas, receber escritura de um imóvel situado aqui, não pode em três dias vir registrá-lo; do mesmo modo que o herdeiro de um espólio,dentro de 30 dias, quando nem ao menos se iniciou o inventário, nada pode registrar, por não saber quais os bens que lhe vão caber, encaramos a soberba autonomia da nossa câmara, legislando sobre registro de propriedades quando há lei federal devidamente regulamentada para o caso.
          Mas, é necessário, por meios indiretos, aumentar as rendas do secretário, e assim ele ganha 1:000 de cada registro.
          É sabido que a tabela de impostos e projeto do orçamento da receita e despesas foram organizados pelo secretário, que teve o devido cuidado de encarar de preferência o que lhe diz respeito, e devido a isso, há dias ouvimos um contribuinte dizer que a câmara de Guarará parecia uma companhia do João Minhoca.
          O secretário da câmara ia puxando os cordéis e os "briguelas" iam fazendo.o que ele mandasse.
          Acreditamos que a comparação tenha sido injusta, principalmente em relação ao coronel Joaquim José de Souza, que diz ter votado contra estas, ou algumas destas medidas.
          Seja dito de passagem que não nos ocupamos com este ou com aquele vereador, a nossa censura vai diretamente àqueles que formaram maioria na votação das matérias ora atacadas, porém, não àqueles que, como o coronel Joaquim de Souza, votaram contra; são, sem dúvida, dignos de elogios.
          Mas os fatos se desdobram tão favoravelmente ao secretário que, ou ele nasceu "empelicado", ou a justiça aqui é um contrabando.
         Vejamos - O cargo de tesoureiro da Câmara é afiançável, cheio de responsabilidades e de trabalho quotidiano, e o respectivo funcionário vencia o ordenado de 1:800$ por ano.
          O cargo de secretário, é pouco trabalhoso, sem responsabilidades e inafiançável, com o vencimento de 1:200$000. Pois bem. Foi nomeado tesoureiro da Câmara o capitão Emídio Braz dos Santos, que prestou fiança de 6:000$ por hipoteca de seus prédios, certo de que ia ganhar 1:800$000.
          O presidente da câmara em seus projetos de orçamento, com retidão que todos conhecemos, trocou as bolas: reduziu o ordenado do tesoureiro a 1:200$ e elevou o do secretário a 1:800$. O vereador Deolindo Valério da Cruz, achando grande a injustiça, apresentou uma emenda, que foi aprovada, elevando o ordenado do tesoureiro a 1:500$000.
          Ainda assim não houve justiça porque o secretário só tem mais serviço nos dias de sessão, isto é de três em três meses.
          O cargo de secretario aqui é tão supérfluo que o tesoureiro em diversas administrações o tem ocupado durante anos sem prejuízo para o serviço público, antes com vantagem. Não obstante, o secretário ganha 1:800$000 e o tesoureiro 1:500$.
          Nas diversas verbas constantes da tabela de impostos, não se encontra um tostão para o tesoureiro, mas, tem muitos para o secretário.
          Pouco nos importa que ele ganhe 10:000$ ou 20:000$000; o que queremos é mostrar a injustiça de estar ele, sem serviço e sem responsabilidades, ganhando mais do que o tesoureiro. É protecionismo escandaloso que não perdoamos.
          Um outro fato muito característico; O professor municipal da cadeira de Santa Helena, oficiou à câmara pedindo a supressão do ensino de sua cadeira "por falta de frequência". Foi deferido o pedido, ficando o professor com metade do ordenado,......... (40$000).
          Não há lei alguma que confira ao presidente da câmara fazer a tal subvenção e por isso perguntamos:
          Com que ordem, com que direito, em que lei se firmou o sr. presidente da câmara, para, com o dinheiro do povo, fazer subvenções de 40$000 mensais, ao referido professor?
          Desculpe-nos s. s. que lhe digamos: isto, além de ilegal, é escandaloso.
   
          Cornelio Duarte Medina

 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora,  10 de dezembro de 1905.


Guarará
Do correspondente, na data de 11/01/1909:   
           A 30 do próximo findo mês de dezembro reuniu-se a comissão encarregada de organizar as mesas eleitorais que tem de servir durante a legislatura de 1906 a 1908 sob a presidência do 1° suplente do substituto do juiz federal neste município, tenente-coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira, servindo de secretário, conforme determina a lei 1269, o ajudante do procurador da República, Joaquim Fróes Vieira Pisco.
          Não damos aqui a composição das mesas das cinco seções em que foi dividido o município para não roubar espaço, que tanta falta viria a fazer, si assim não procedêssemos, aos demais assuntos de interesse geral e que, com louvável desinteresse, O Pharol agasalha em suas colunas.
          Limitamo-nos pois a isto: dizer que as autoridades federais no município cumpriram fielmente os seus deveres.
          O Guarará de 6 do corrente estampou um bom retrato do sr. dr. Afonso Pena, uma vista de Bicas e vários artigos.
          Na parte oficial, dá publicidade a um edital chamando concorrentes para a obrada construção de um palco em Bicas.
          Esta medida tem sido criticada, e já o foi até nos ineditoriais de "O Pharol", apesar de ser mui louvável. Esclareçamos o caso: Há treze longos anos; em 1892 constituiu-se em Bicas uma comissão, à frente da qual se achava o atual diretor de "O Pharol", dr. Cristovão Malta, para tratar dos meios de dotar a próspera povoação com uma casa destinada ao conselho distrital, escolas públicas e teatro.
          A custa de muito sacrifício e inauditos esforços a comissão deu inicio às obras, mas reconheceu a impossibilidade de vê-las concluídas obedecendo inteiramente ao seu plano; faltavam os recursos para a construção do palco.   
          Foi concluído o edifício, com acomodações para a escola pública do sexo masculino, aula de música e sala para sessões do conselho.    
          Eleito agente executivo o coronel (então capitão), José Ribeiro de Oliveira e Silva, declarou ele desistir da verba do subsídio em benefício de obras publicas e entre outras aplicações que deu a essa verba, que outros por certo aproveitariam em interesse próprio, destinou a quantia de um conto de réis para o palco do edifício do conselho; quantia que entregou a um dos presidentes da corporação, e que foi gasta cm serviços mui diversos.
          A atual câmara, reparando o mal praticado pelo conselho, e aproveitando o ensejo de haver lançado um empréstimo, resolveu mandar construir o palco, o que, ternos esperança, em breve se realizará.           Feito isto, estará também completa a satisfação do sr. dr. Cristovão Malta, pois podemos afirmar, que s. s. foi o mais esforçado dos propugnadores da ideia da construção do edifício do conselho em Bicas.    
          As chuvas continuas tem produzido aqui diversos estragos; diversos mausoléus do cemitério desta vila tem desmoronado assim como muros de algumas casas, etc.    
          A população da Vila foi acordada Às três horas da madrugada de hoje (11/01/1909) com o enorme estrondo produzido pelo desmoronamento de parte da igreja matriz, fato que tem causado geral consternação.          
          A parte desabada compreende uma das torres e grande espaço da frente; é tristíssimo o aspecto de ruínas do tempo.
          A população aflui ao local para, desolada, presenciar o quadro deveras entristecedor.


 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, 13 de janeiro de 1906.


Guarará
Vão desaparecendo os velhos, os veteranos de Guarará.    
            Não há muito registrávamos o falecimento do sr. Antonio Luiz Peixoto Guimarães, súdito português que aqui constituiu família e residiu por mais de cinquenta anos. Seguiu-se o passamento de outro venerando velhinho, o sr. capitão Luciano Martins de Oliveira, fazendeiro muitíssimo estimado, chefe de numerosíssima família.    
           O capitão Luciano Martins foi casado três vezes, tendo dos dois primeiros matrimônios, 20 filhos, dos quais sobrevivem apenas 9.
          Agora acaba de falecer o bom velhinho o tio Balbino, que vivia vendendo suas frutinhas, percorrendo as ruas da vila, apesar de contar cerca de cem outonos.    
           Curvado ao peso dos anos, era ainda assim um forte; gozava de todas as faculdades, e, caso curioso, possuía invejável dentadura.    
           A morte colhe-o quase de surpresa, pois apenas esteve doente seis dias.
          Carta que me foi dirigida de Santo Antonio do Aventureiro, é portadora desta triste noticia: No dia 1o do corrente (abril de 1906) desabava grande temporal sobre aquela povoação. Um rapazinho, de 10 anos de idade, filho do negociante sr. Eduardo Zoffoli, apreciava de uma janela o cair da chuva, uma faísca elétrica fulmina-o, danifica o prédio e deixa sem sentidos um outro menino, irmão da vítima; que junto a esta brincava.
          Esse menino morto de forma tão horrorosa chamava-se Luiz.
          O nosso colega do Guarará, Joaquim Fróes Vieira Pisco, que foi brindado por sua esposa, no dia 1º do corrente, com dois morgados, passou pelo golpe de perder um deles, momentos depois do nascimento.           O anjinho chegou a ser batizado, recebeu o nome de Antonio e foi sepultado no dia seguinte no cemitério desta Vila, tendo tido o enterro bastante acompanhamento.    
           Morte horrorosa teve o menor Bernardino Caetano, empregado, como candeeiro, do sr. Valentim Pereira, sitiante nesta Vila.
          Ante ontem à noite, quando o carro recolhia-se, não se sabe como, o rapazinho deixando a frente aos bois, foi pilhado por uma das rodas do, carro, que o alçapremou a um barranco, esmigalhando-lhe o crânio e dando-lhe morte instantânea.    
          A autoridade procedeu à auto de corpo de delito e abriu inquérito, apesar de estar capacitada de que o fato foi todo casual.
          Esta correspondência está parecendo um obituário e nada encontro no meu canhenho, digno do registro que venha suavizá-la; a única nota a registrar, como fecho, é esta:    
          O vereador geral deste município. sr. capitão José Vieira Camões acaba do renunciar a sua cadeira.
          Acatando essa deliberação de s. s. cumpre-nos apenas lastimar a sua retirada do seio da corporação municipal.

 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, 13 de abril de 1906.


         Guarará,
         Distrito de Bicas:
         Vão adiantadas as obras da capela do Sagrado Coração de Jesus, construída pela Associação daquela localidade, sob a proteção da exma. sra. baronesa de Catas Altas.
         Os srs. Souza & Rezende acabam de introduzir importantes melhoramentos no seu conhecido Engenho Central de beneficiar café.
         Dentre as grandes reformas, salienta-se a montagem de um aperfeiçoadíssimo descascador que  os habilita a preparar café de maneira a não temerem concorrência.
         Conhecidos como são os dignos industriais, torna-se desnecessário que daqui lhes façamos reclames, por isso registramos apenas o fato com todo desvanecimento.
        Contratou casamento com a gentil senhorita Maria Teixeira, digna professora municipal de Guarará, o nosso bom amigo alferes Julio Cezar Padilha.
        No dia 3 do andante, estando o sr. capitão José Vieira Camões dirigindo as obras de um puxado que está fazendo em um de seus prédios, e quando ajudava a colocar na espiga do esteio uma linha, esta escapou e na queda apanhou o capitão sr. Camões, que se achava no andaime.
         Recebidos os primeiros curativos, foi a vitima do lamentável acidente para sua residência, em Guarará, em bonde especial, sendo visitado por diversos amigos.

 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, quinta feira, 17 de maio de 1906.


Guarará
Do correspondente em data de 14 (de julho de 1906):

          Um ato do sr. dr. secretário das finanças, veio trazer verdadeira mágoa à população desta vila: referimo-nos à transferencia da coletoria da sede deste distrito para o de Bicas.

          O diretório distrital do partido republicano Mineiro reuniu-se e oficiou ao Chefe do partido sr. coronel José Ribeiro de Oliveira e Silva pedindo a sua intervenção junto ao governo, para a revogação desse ato, que vem assinalar ainda mais a já bastante decadente vila.

          Por sua vez a câmara municipal deve reunir-se amanhã em sessão extraordinária, convocada a pedido dos vereadores capitães José Marinho Motta Bastos e Deolindo Valerio da Cruz, para fazer idêntico pedido ao governo. Estamos esperançados em ver o governo atender a esses pedidos, que traduzem uma reclamação justíssima da população do Guarará.

          No dia 10 do fluente mês realizou-se na fazenda da Claridade, distrito do Bicas, uma brilhante festa intima, constando de banquete, baile e concerto oferecidos pelo maestro José Fernandes Januario a suas dignas discípulas, tanto deste município como dos de Rio Novo e Mar de Hespanha.

          A festa começou pelo banquete, tendo ao dessert usado da palavra, o sr. dr. Luiz de Miranda Horta, que, em nome do maestro, oferecia a festa ás distintas discípulas e agradecia a todas as pessoas que aí se achavam, associando-se à sua alegria.

          Seguiu-se o concerto que foi magnífico, sendo as senhoras e gentis senhoritas que nele tomaram parte, calorosamente a-plaudidas e o maestro muito felicitado, pelo brilhantismo com que souberam desempenhar-se as suas encantadoras discípulas.

       Para melhor ideia dar do que foi esse concerto vamos aqui dar o seu programa, magistralmente executado:

          Poeta and peason - de F. von Suppée, para piano a seis mãos, pela exma. sra. d. Jovita Costa e suas dignas filhas, senhoritas Tudinha e Carmen.

          Lombro d'uma rosa - romanza de Fabio campana, pela senhorita Anna Filgueiras, acompanhada ao piano pela senhorita Maria José Filgueiras.

          Souviens Toi - de J. Silvestri, piano e bandolim, pelas senhoritas Yayá Dias e Conceição Gama.

          Deuxieme - de J. Leybach, para piano, pela senhorita Yayá Gouvêa.
        Ma Patrie - de J. Silvestri, piano e quat»o bandolins, pelas senhoritas Yayá Dias, Celeste Cunha, Maria José Filgueiras, Maria Vieira Conceição Gama.
          Il Guarany - de E. Becucci, para piano, pela senhorita Yollanda Vianna.
          Myosoti - valsa de Emile Waldteufel, para piano, a quatro mãos, pelas senhoritas Marietta e Malvina Malta.
          Diabeli - de A. Rotych, para piano, a quatro mãos, pelas senhoritas Leonor e Stella Dias.
          Sonata do luar - de Bethoven, pela senhorita Mariá Vieira.
     Non te sorder - melodia de Georges Rupèes, cantada, pela senhorita Maria José Filgueiras, acompanhada ao piano pela senhorita Ana Filgueiras.
          Ogarita - de G. Nessler, para piano, pela senhorita Maria José Filgueiras.
        Elvire - polca de J. Silvestri, para piano e bandolim, pelas senhoritas Aurora Ferreira e Celeste Cunha.
          Linguagem das flores - de Charles Acton, para piano, pela senhorita Eponina Vianna.
          Reve d'un Ange - de F d'Orso para piano, pela senhorita Yayá Dias.
          Souvenance - de A. S. Schmael, piano, pela senhorita Jullieta Tostes.
          Sonata - de Beethoven, para piano, a quatro mãos, pelas senhoritas Maria José e Anna Filgueiras.
          Seguiu-se um baile, que se prolongou até a manhã do dia seguinte, tendo tido sempre animadas  danças e revesando-se ao piano as distintíssimas senhoritas.
          Durante toda a noite foi servida, de espaço em espaço, café e bebidas finíssimas, sendo à meia noite servido magnífico chá.
       Tendo escolhido o maestro José Fernandes Januario para essa festa, o dia dez, que é o de seu aniversário natalício, recebeu por esse motivo custosos e bonitos brindes, muitas felicitações pessoalmente, por cartas e telegramas.
        O banquete efetuou-se na residência do maestro José Fernandes, e o baile concerto no salão da própria fazenda da Claridade, onde a exma. sra. Laudelina Tostes e sua digna filha, senhorita Julieta Tostes foram incansáveis em prodigalizar gentilezas aos convidados do maestro José Fernandes.
         A banda musical "Carlos Gomes", de Bicas, da qual o maestro Jose Fernandes foi regente e professor, compareceu de surpresa à festa rendendo, por essa forma uma bonita homenagem àquele a quem tanto serviço deve.
          O Guarará, [da sede], e O Povo, [de Bicas], fizeram-se presentes por seus redatores, estando também presente o rabiscador destas linhas que a par da grande satisfação que sentia de ali se achar, tomando parte naquela bela festa íntima, teve igualmente o imenso prazer de travar conhecimento com o simpático e ilustre cavalheiro, o apreciado jornalista poeta, sr. Carmo Gama, que também lá se achava em companhia de uma filha, discípula do maestro José Fernandes a quem como fecho desta noticia enviamos sinceros parabéns e votos de perenes felicidades.

 Jornal "O Pharol", ANNO XL
Juiz de Fora, terça-feira, 17 de julho de 1906.


O Guarará 
Do correspondente:           

                  Realizou-se domingo 29 do p. findo mês de julho, a anunciada conferência política do candidato a uma cadeira ao Congresso Mineiro, sr. Francisco José Leite Guimarães, que falou por espaço de uma hora e quarto expondo o seu programa.

          Em bonito exordio, o conferencista patenteou conhecimentos políticos e vir de há muito acompanhando as evoluções porque têm passado o Brasil desde os tempos coloniais, e comparou em muitos pontos a sua política a dos Estados Unidos da America do Norte. Disse que vinha iniciar as suas conferências nesta vila, por ser o seu torrão natal, vinha em primeiro lugar buscar o apoio de seus conterrâneos para essa sua justa e levantada aspiração, e que, eleito, saberá, pelo seu esforço , corresponder a confiança de seus concidadãos.

          O seu programa é vasto - abrange desde a instrução pública até a verdade das urnas e da representação das minorias.

          O conferencista foi muito aplaudido, ao terminar, pelo seleto e numeroso auditório, sendo cumprimentado e abraçado por muitas pessoas gradas. A imprensa esteve representada: o "O Guarará", pelo seu redator chefe Vieira Pisco: "O Povo", de Bicas, pelo sr, José Octaviano Padilha e "O Pharol" pelo seu correspondente.

          A 3 do corrente, pelas 2 horas da tarde, faleceu nesta vila, contando cerca de 80 anos de idade, o estimadíssimo cavalheiro major Francisco Baptista de Alvarenga.

          O finado era cirurgião-mór do exército e exercia há muitos anos a medicina, sendo muito bem quisto porque era extremamente caridoso.

          Cultivava a poesia e almejava publicar em volume as suas produções, o que não conseguiu devido a dificuldades múltiplas. Morreu placidamente, marcando os minutos de vida que lhe restavam e as suas ultimas palavras foram um doloroso lamento "por morrer sem ver seu filho Manoel formado e sem conseguir publicar o seu livro de poesias."

          Era um justo, um coração magnânimo, chefe extremosíssimo e amigo dedicado.

          O seu enterro, efetuado no dia seguinte, foi bastante concorrido; amigos dedicados prestaram-lhe a derradeira homenagem, acompanhando os seus despojos à última morada. Paz à sua alma. Pezames à sua exma. família. Manoel Gonçalves Areal, de nacionalidade espanhola, enfeitiçou-se por uma mocinha, filha de uma viúva agregada da fazenda do sr. Agenor Gonçalves de Andrade, no distrito de Bicas. Enfeitiçou-se e contratou casamento.

          Até aí tudo muito natural, louvável mesmo.
          Prontos os respectivos papéis; quase que decorrido o prazo dos proclamas, sem que algo de novidade surgisse, foi marcado o dia para o casamento, que devia realizar-se a 4 do fluente.
          Na véspera, porém, é apresentada ao oficial do registro civil e ao ajudante do procurador da República denuncia de que Areal é casado na Espanha.
          O ajudante do procurador da República, recorrendo ao alistamento eleitoral federal de 1905, no qual está Areal incluído, e verificando que ele, conforme preceitua a lei, não só no requerimento de seu próprio punho, como nas inscrições por ele feitas nos livros, declarou ser casado, atestou esse fato e remeteu o atestado ao oficial do registro civil de Bicas, capitão Francisco Barroso.
          No dia 4, Manoel Gonçalves Areal, a noiva, que se chama Ana Izabel dos Anjos, convidados, parentes e testemunhas chegaram ao cartório para efetuar o casamento.
          Apresentada a petição para o juiz dos casamentos dar o despacho marcando a hora, este verificando que a certidão do oficial declarava Areal inibido de contrair matrimônio por ser casado na Espanha, conforme denúncia recebida e o atestado que juntava do ajudante do procurador da República, indeferiu a petição e declarou não fazer o casamento.
          Ao ser lida a declaração do oficial do registro, Areal suava por todos os poros, e tartamudeou algumas desculpas, mas teve que voltar sem cometer, a contra gosto seu, o revoltante crime da bigamia. Faleceu em Bicas, a 3 do corrente, após dolorosos padecimentos o estimado cavalheiro, sr. Matheus S. Cordeiro Junior, zeloso empregado da Leopoldina Railway, da qual era subdiretor dos combustíveis.
          Deixa numerosa família, da qual era o único amaro.
          Teve começo ontem, em Bicas, a festa em louvor a São Sebastião.



Jornal "O Pharol", ANNO XL 
Juiz de Fora, sábado, 11 de agosto de 1906.


(*) Francisco de Sequeiros Teixeira proprietário do Jornal "Gazeta de Guarará",  havia morrido cinco anos antes, mais precisamente em 2 de setembro de 1901, às 8 horas da noite, aos 45 anos de idade. Ele era de origem espanhola, filho de João Maria Teixeira e de Maria Tereza Teixeira. Deixou cinco filhos: Maria Teixeira (com  18 anos); Helena Teixeira (com  17 anos); Octávio Teixeira (com  15 anos); Branca Teixeira (com  12 anos) e Homero Teixeira (com  10 anos).

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