quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Belisário da Cunha Monteiro de Castro, Dr

Belisário da Cunha Monteiro de Castro, nasceu em 11 de dezembro de …. (1), ele era filho do Comendador Gervásio Antonio Monteiro de Castro e de Rosa da Cunha e Souza.
Seu pai o Comendador Gervásio Antônio Monteiro de Castro era um homem culto, havia estudado no “Caraça” (2) entre os anos 1860 e 1864 e herdara do pai, Cel José Joaquim Monteiro de Castro, vários alqueires de terras cultiváveis, tornando-se assim um dos grandes fazendeiros da região. Tinha terras em Mar de Espanha e Leopoldina e era também um dos grandes captadores da mão de obra estrangeira, mormente a italiana. (3) Assim diz o Jornal “The Rio News” de 28 de julho de 1891: “A plantação de Constância, pertencente ao Comendador Gervasio Antonio Monteiro de Castro, no município de Leopoldina, Minas Gerais, foi vendida por $600,000 para Visconde de Leopoldina. Esta plantação tem 1.200.000 pés de café e possui 60 casas. O número de colonos assentados na plantação é de 350.”
As relações da família de Belisário com Guarará vinham de longa data, seu avô, pai de seu pai Gervásio, o comendador José Joaquim Monteiro de Castro, fora um dos primeiros moradores do antigo Curato do Espírito Santo, um dos colonizadores na verdade. Fora ele, seu avô, quem juntamente com o casal Domingos Ferreira Marques e Feliciana Francisca Dias (doadores das terras originais do Curato), o Cap. Gervásio da Silva Pinto, José Antônio de Oliveira, João de Araújo Moreira, Maria Vitória, Maria Joana Ribeiro, João José Monteiro Bastos, José Pires, José Ferreira Maciel (casado com Dona Maria Antônia de Lima), Manoel José da Silva (casado com Dona Ana Rita de Jesus), Fortunato Ribeiro e Felisberto Henrique de Souza, desbravaram a região ainda inculta e tornaram-se os primeiros moradores daquela que seria a Guarará num futuro não muito distante.
Belisário era natural de Leopoldina, formou-se como médico, em 1889 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. (4) (5) (6) (6a) Sua tese de doutoramento foi sobre hemorragia puerperal. (7) (8)
Em 1890 o Estado de Minas reconhece e lhe confere o diploma de médico e doze anos depois (em 1902), já um médico experiente, ele começa a clinicar em Guarará, onde permanecerá exercendo sua profissão até 1922 (segundo o Almanak Laemmert).(9) Mas já desde 1895 ele, em solo guararense, já se mostrara abnegado ao serviço e aos préstimos de seu ofício, tanto que, conforme ofício de N. 73, de 8 de Maio de 1895 da Câmara Municipal de Guarará ele, Belisário e os Drs José Telles de Menezes, Afonso Lobato, Emílio Luis Rodrigues Horta, José Hygino da Silveira e o Barão de Catas Altas e Francisco Ferreira Nunes de Assis são nomeados como membros de uma Comissão para tratar de medidas enérgicas para debelar a epidemia em Bicas.(****
Sua atuação como médico em Guarará se prolongaria por longos anos. Uma de suas pacientes fora a esposa do Tenente coronel Álvaro Fernandes Dias, a sra Eurídice Telles de Menezes Dias. (***) (10) Fora ele quem a atendeu, em fins de janeiro de 1905 juntamente com outro colega de profissão O Dr José Pedro, de Rio Novo, chamado que fora à Guarará especificamente para auxiliar o companheiro de profissão em seu diagnóstico, já que o estado de saúde da enferma inspirava cuidados. Seus cuidados médicos estavam a serviço da população e sobretudo da elite, como por exemplo anos mais tarde (em 1916) seria ele o médico quem assistiria a Glicéria Tostes. (11)
Por esta época ele já estava embrenhado nos meandros da política local e, nessa condição fora eleito, juntamente com o Barão de Catas Altas, seu companheiro de partido e político veterano, pela minoria no pleito de 1 de novembro 1904. Ambos tomaram posse de seus cargos em maio de 1905, ao lado dos vereadores de oposição que eram o Cel. Joaquim José de Souza, Tenente coronel Francisco de Paula Retto Junior (Presidente da Câmara e Agente executivo), Deolindo Valério da Cruz (que também era inspetor escolar municipal), (*) Dr. Emílio Luis Rodrigues Horta, Ribeiro da Cunha e José Vieira Camões (anteriormente suplente e que fora empossado em abril de 1905 para preencher a vaga deixada pela morte do vereador Major Firmino Dias Tostes). Ambos, ele e o Barão foram empossados em sessão extraordinária no dia 3 de maio de 1905. (12)
A política local atravessava seus dias de amargor, na verdade não se refizera desde algum tempo quando, por fatos e desentendimentos políticos diversos e não muito claros, a Câmara de vereadores, à exceção dos vereadores Pe Manoel José Corrêa e Francisco Carneiro, sofreu, em 15 de setembro de 1892, um quase esvaziamento completo, quando os demais vereadores renunciaram aos seus mandados, seguidos pelo Conselho Distrital de Maripá, em sua totalidade. Não bastasse isso deu-se a morte, em 21 de dezembro de 1904, do major e comendador Firmino Dias Tostes, outro veterano e influente político local. Firmino morria portanto antes de ser empossado no cargo de vereador, seguindo ao vereador Padre Manoel José Corrêa que morreu anos antes, em 06/05/1898, vitimado pela febre amarela, doença contraída em uma de suas idas à Capital Federal, com sede na Guanabara.
Belisário, ainda novo na política, tinha dentre suas qualidades, como aponta o correspondente de “O Pharol” em Guarará, a honestidade, uma notável ilustração intelectual e a experiência no trato político e, como cidadão deveras esclarecido que se mostrara, era dele que se esperava um denotado empenho em prol da unificação da desgastada política municipal. O mesmo ou equivalente esforço se esperava de seu companheiro e veterano, o Barão de Catas Altas. (13)
A atuação pública de Belisário não se restringia todavia ao âmbito estritamente municipalista, tanto é verdade que em 1914 Ele e mais outras autoridades juiz-foranas criam a Associação Mutua de "Natalidade" e "Educação" para Amparo da infância. Tendo aquela associação, como primeira diretoria formada, a ele como Presidente, como vice-presidente o Dr. Luiz Andrès, como diretor jurídico, o Dr. Themistocles Halfeld e como secretário: Profº Lindolfo Gomes. Como gerente, ficou o Cel. Antônio Pinto Monteiro e faziam parte do conselho fiscal, Dr. Francisco Augusto Pinto de Moura, Dr. Altivo Pinto Monteiro e o major Inácio Ernesto Nogueira da Gama e os suplentes eram o Cel. Álvaro Fernandes Dias, o Coronel Joaquim Justiniano das Chagas e José de Assis Fonseca. (14) (15) (16)
Dois anos depois, em 1916 ele é eleito vereador (legislatura 1917-1920), juntamente com o Cel Joaquim José de Souza (Presidente e Agente executivo), o Tenente coronel Francisco de Paula Retto Júnior (Vice-presidente), o Cap. Bertholdo Garcia Machado,Cap. Gervásio Evaristo Monteiro de Rezende, Francisco Latarola, Cel. Victor Belfort de Arantes e José Duarte de Souza Marques.

1943 no dia 5 de setembro falecia em sua residencia à Rua Santos Dumont, 56 o Dr Belisário da Cunha Monteiro de Castro, antigo diretor da Repartição de Higiene Municipal (criada através do art. 1 da resolução n. 3 de 14/05/1892). (17)

Dr. Belisário da Cunha Monteiro de Castro casou duas vezes. Sua primeira esposa foi a prima Luisa Monteiro Bastos (18) (**), filha de Margarida Eufrásia Monteiro de Castro (irmã de seu pai e que passou a assinar, depois de casada como Margarida Eufrásia Monteiro Bastos Pinto) e de João José de Bastos Pinto e com ela teve os seguintes filhos: João Monteiro de Castro,Waldemar Monteiro de Castro, Gervásio Monteiro de Castro, Alice Monteiro de Castro, Maria Monteiro de Castro e Margarida Monteiro de Castro.

De seu segundo casamento (ocorrido em 1906), (19) com Carlota Filgueiras de Rezende, filha do Cel. Custódio Augusto de Rezende (falecido em Juiz de Fora a 29 de outubro de 1935), e de Maria Carolina Filgueiras de Rezende, teve os seguintes filhos: Luiz Gonzaga de Rezende Monteiro de Castro, Maria de Lourdes de Rezende Monteiro de Castro, normalista pelo "Stela Matutina" de Juiz de Fora e casada com o Dr. Coroacy Lopes Peçanha, Boanerges Monteiro de Castro, Maria Aparecida, José Mariano, Custódio, Vicente, Maria do Rosário e Maria das Dores. (20)



Notas e observações:

(*) Belisário era neto, por parte de pai, do Cel José Joaquim Monteiro de Castro e sua primeira esposa (o Cel José Joaquim casara-se por três vezes) e sobrinha, Maria do Carmo Monteiro da Silva, que era filha de sua irmã Margarida Eufrásia Monteiro de Castro e do Capitão Gervásio Antonio da Silva Pinto.
(**) Belisário era então concunhado do Dr José Telles de Menezes já que este era casado com Maria do Carmo Monteiro Bastos, irmã de sua primeira esposa Luisa. 
Maria do Carmo Monteiro Bastos e Luisa Monteiro Bastos eram sobrinha do Barão de Cattas Altas.

(***) Eurydice era irmã de Lectícia Telles de Menezes, Stella Telles de Menezes e João Telles de Menezes, este por sua vez, casado com Julieta França Telles de Menezes.
(****) Refere-se à epidamia do cólera que grassou pelo Vale do Paraíba em 1894/1895 e atingiu grande parte das cidades da Zona da Mata (Jornal "O Pharol" de 21 de março de 1895). Dentre as localidades mais atingidas estavam: Pirapetinga, Volta Grande, Vista Alegre, Ligação, Ubá, Rio Branco, São Geraldo, Sapé, Rochedo, Piau, Aracaty, Morro Alto, Recreio, Porto Novo e São José de Além Paraíba .
(*****) 
O Capitão Deolindo Valério da Cruz era casado com Flávia da Costa Milagres, professora do grupo escolar "Ferreira Marques" e pais de Ary da Cruz (Naná) e Guaraciaba da Cruz. (21)


Referências:
1 - Jornal "O Guarará", 15 de dezembro de 1935;
2 - Santuário do Caraça, livro de matriculas;
3 - Jornal "L'ETOILE DU SUD", 17 de novembro de 1888;
4 - Jornal "Gazeta de Noticias", ANNO XIII, N.323 Rio de Janeiro domingo 20 de novembro de 1887;
5 - Jornal "Dário de Notícias", Sábado, 24 de Novembro de 1888;
6 - Jornal "Diário Oficial", Domingo 23 de março de 1890;

6a - Jornal "O Pharol" Anno XXIII, N. 301, de 24 de dezembro de 1889
7 - Castro, Belisário da Cunha Monteiro de. Hemorragia Puerperal; Rio de Janeiro: Imp. Mont'Alverne, 1889, 64 páginas;

8 - Annuario Medico Brasileiro: 1886 a 1897 - 1889, pg 72;
9 - Almanak Laemmert 1903, (Médico em Guarará de 1903 a 1922, segundo o Almanak);
10 - Jornal "O Guarará", 3 de setembro de 1922;
11 - Jornal "O Pharol", 2 de fevereiro de 1905;
12 - Jornal "O Pharol", 2 de abril de 1905;
13 - Jornal "O Pharol", 2 de fevereiro de 1905;
14 - Jornal "O Pharol",, 20 de junho de 1914;
15 - Oscar Vidal Barbosa Lage e Albino Esteves - Álbum do Município de Juiz de Fora, Imp. Oficial do Estado de Minas, 1915 - 530 páginas - pg. 254;

16 - Jornal "O Pharol" Anno XLIX, N. 100, de 30 de abril de 1914
17 - Paulino de Oliveira. Efemérides Juiz-foranas - Universidade Federal de Juiz de Fora, 1975;

18 - Winson de Lima Bastos - Badalo do Sino, pg 330;
19 - 
Jornal "O Pharol",, 31 de julho de 1906;

20 - Brotero, Frederico de Barros. A família Monteiro de Barros, 1951. 1047 páginas;
21 - Jornal "O Guarará",  ANNO III, N.º 13, de 5 de outubro de 1919, pg. 3.

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