quinta-feira, 26 de abril de 2018

TOMBAR PARA NÃO RUIR

TOMBAR PARA PARA RUIR
          
       Dentre as inumeráveis pesquisas que fizemos, sem grande esforço ou tempo perdido, descobrimento que "o tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados." e que pode ser "aplicado aos bens móveis e imóveis, de interesse cultural ou ambiental, quais sejam: fotografias, livros, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, cidades, regiões, florestas, cascatas etc" desde que estas sejam ou sirvam aos interesses coletivos para a "'preservação da memória."
           Dentre a variada gama de coisas que pode ser tombada, somente poderão fazê-lo a "União, por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo Governo Estadual, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado ou pelas administrações municipais, utilizando leis específicas ou a legislação federal." apropriada segundo o caso." Também fica claro que "o Tombamento não altera a propriedade de um bem, apenas proíbe que venha a ser destruído ou descaracterizado." e que assim " um bem tombado não necessita ser desapropriado."
            E, concluindo, fica evidente que "o
 Tombamento é a primeira ação a ser tomada para a preservação dos bens culturais, na medida que impede legalmente a sua destruição.  No caso de bens culturais, preservar não é só a memória coletiva, mas todos os esforços e recursos já investidos para sua construção. A preservação somente se torna visível para todos quando um bem cultural se encontra em bom estado de conservação, propiciando sua plena utilização."
            Bem, afora tudo isso e ainda a disposição concernente às: Lei Municipal Nº. 749 de 22 de fevereiro de 2002, do Município de Guarará; a Lei 
nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991, que restabelece o princípio da Lei nº 7.505, de 02 de julho de 1986, e que institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura - Pronac, entre outras providências; a Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985 que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (esse último vetado), entre outras providências; a Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981 que dispõe sobre a política nacional de meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, entre outras providências; a Lei 6.292 de 15 de dezembro de 1975 que dispõe sobre o tombamento de bens  no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; a Lei nº 4.717 de 29 de junho de 1965, na qual é regulada a ação popular cabível e pertinente e ainda a POLÍTICA DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DE MINAS, as leis de PROTEÇÃO ESPECÍFICAS e mormente o Decreto Nº 42.505, de 15 de abril de 2002, que institui as formas de Registros de Bens Culturais de Natureza Imaterial ou Intangível que constituem patrimônio cultural de Minas Gerais e a Lei Nº 11.258, de 28 de outubro de 1993, que reorganiza o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA/MG e dá outras providências e finalmente a Lei 8.313 - Lei Rouanet de 23 de dezembro de 1991, Artigo VI, que diz:preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro e todoo e quaisquer entreve burocrático que poderia facilmente ser negociado ou vencido, ela caiu...
            Ela não na verdade ele... Ele o antigo robusto, forte e histórico prédio da antiga cadeia construído em 1889 (um dos mais antigos portanto), a memória pálida do que fomos, o resguardo absoluto e inconteste de um passado latente e prolífico... Ela caiu, ruiu, desmoronou...
             Mas, fico pensando.... porque um prédio antigo cai, não havia já suportado 122 anos de intempéries... Será que ele não vinha pedindo socorro e providências já a algum tempo... será que, a exemplo das pessoas, ele também não se enferma, não carcome-lhe o tempo? não se dilatam os seus poros...

             E fico pensando também.... Que terá ele assistido

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A FAMÍLIA PAIXÃO


JOSÉ FERREIRA DA PAIXÃO E O "COLÉGIO PAIXÃO"

O Colégio Paixão, em Petrópolis, foi criado em 1871, em substituição ao "Colégio Calógeras", de João Batista Calógeras, no mesmo prédio em que funcionara o anterior, à Rua do Palatinado, quase defronte à estação de cargas da E. F. Leopoldina, anexo à Escola Militar (onde atualmente é Rua Dr. Sá Earp, esquina da Buarque de Macedo). 
A propriedade havia sido arrendada por João Batista Calógeras ao Prédio havia sido arrendado ao marquês de Paraná, Honório Hermeto Carneiro Leão e funcionou de 1850 a 1859. Nessa instituição lecionou grandes nomes da instrução brasileira, como Ignacio Cochrane que que para lá foi transferido de Nova Friburgo. Nesse mesmo ano de 1859 o "Colégio Calógeras", passou para as mãos de Bernardo José Falletti, e passou a denominar-se "Colégio Santa Teresa". Este colégio funcionou até 1863 e em 1868, o padre João de Siqueira Andrade, ali fundou a "Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo".
E, em 1871, ali passou a funcionar o "Colégio Paixão", fundado e dirigido por José Ferreira Paixão e a esposa e a esposa dona Maria Augusta Paixão, renomados educadores. O colégio manteve suas atividades até 1891. (Cf. Lacomb E, Lourenço Luiz — Cidade de Petrópolis, p. 231, ed. Museu Imperial, Petrópolis)
O casal José Ferreira da Paixão (1838-1908) e Maria Augusta teve os seguintes filhos:
- Ernesto José Ferreira da Paixão - Médico, humorista, jornalista e poeta, (Jornal "Correio de Petrópolis", 25 de dezembro de 1913) nasceu em 25 de dezembro de 1866, em Petrópolis, onde morreu em 14 de janeiro de 1922. Médico homeopata e um dos principais divulgadores da homeopatia. Dirigiu o Hospital Santa Teresa e a Secretária da Saúde, dedicando-se aos enfermos sem distinção de classe ou posição social. Atuou na campanha pela abolição do elemento servil. Foi membro (sócio) e titular da cadeira nº 35 da "Academia Fluminense de Letras", cujo patrono era Teixeira de Melo, entre os anos 1919 e 1922; patrono da cadeira nº 6 da "Academia Petropolitana de Letras"; patrono da cadeira nº 18 da "Academia Brasileira de Poesia - Casa de Raul de Leoni" (onde outro membro da família: Henrique Paixão Júnior, figura como o patrono da cadeira nº 22). Colaborou em diversos jornais, como "O Pharol", de Juiz de Fora; "Gazeta Literária" e "Gazeta de Petrópolis", em sua terra. Usava o pseudônimo Flávio Marciano na imprensa local. (© 2014 - Academia Brasileira de Poesia - Casa de Raul de Leoni.). Casou-se com Maria Augusta Ferreira da Paixão.
- Cecília Ferreira da Paixão; falecida em 1897
- Henrique Ferreira da Paixão; Engenheiro;
- Carlota Ferreira da Paixão (nome de casada Carlota Paixão Ferreira da Costa). Carlota era uma notável musicista, recebera a sua recebera a sua formação musical com Bernhard Wagner, professor de piano e canto. Além de contralto, de notável tessitura, ela executava o órgão, piano e harmônio esplendidamente. Era ela sempre requisitada para as festividades, festas diversas, saraus, comemorações e apresentações sinfônicas. Casada em 19 de setembro de 1889, com o farmacêutico e Vice-cônsul de Portugal, Galdino Ferreira da Costa (falecido em 12 de abril de 1931), ela veio a morrer meses depois, em 11 de julho de 1890, aos 24 anos de idade, sem deixar descendentes. Em sua homenagem a "Ave Maria", op. 51, composta pelo Visconde de Taunay, sob o pseudônimo de Flavio Elysio, tantas vezes por ela cantada, com o acompanhamento de violino e harmônio, foi batizada de "Ave Maria de Carlota Paixão"; O cronista de o "Gazeta de Petrópolis", na edição de 11 de maio de 1901, qualifica a voz de Carlota como límpida, pura e suave e assegura que uma outra voz, não haveria de equiparar-se à sua interpretação da Ave Maria do Visconde de Taunnay, com o mesmo sentimento de religião e piedade com que ela dava à sua interpretação, fazendo jus à melodia que era bela e cheia de unção religiosa. E, em sua "crônica" ainda emenda: 
"- Estamos no mês de maio; o mês das camélias, o mês de Maria.
Precisamente no dia de hoje fazem quatorze anos que o saudoso Visconde de Taunay fez cantar, pela sempre lembrada D. Carlotinha Paixão, com acompanhamento de harmônio e violino, a Ave Alaria de sua composição, “várias vezes interpretada no mês de Maria (maio) de 1887, na matriz de Petrópolis, pela exímia e inolvidável amadora, com tal inspiração e maestria, que deixou a mais funda impressão em quantas a ouviram, mestres e admiradores de seu peregrino talento.”
Acompanhava-a ao harmônio a baronesa de Muritiba [Maria José Velho de Avelar], e ao violino [o cubano José] White.
São passados os anos, e ainda na nossa matriz não foi cantada essa bela página musical do Visconde de Taunay, que é conhecida pela Ave Maria de Carlota Paixão.
Ainda guardamos, como sons perdidos em nosso ouvido, as notas melodiosas, doces, aveludadas emitidas pela garganta privilegiada de nossa saudosa conterrânea, falecida aos 24 anos e tendo deixado de seu nome uma recordação, que todos guardam com carinho, pois que se lembram ainda daquele belo tipo de moça, sempre na vanguarda de todas as obras de caridade."
OBS: Outros autores (a maioria esquecidos), além de Flávio Elysio, Antônio de Carlos Gomes e o Padre José Maurício Nunes Garcia, igualmente compuseram suas Aves Marias em terras brasileiras, foram eles: Libório Gomes Moreira, Remígio Domenech, José White, Júlio Reis, Frederico do Nascimento, Carlos Severiano Cavalier Darbilly, Henrique Oswald, Alberto Nepomuceno, Alberto Nepomuceno, Agostinho Luís de Gouvêa, Marieta Neto, Domingos José Ferreira, Antônio Francisco Braga, Iwan d'Hunac, Antônio Ferreira do Rego, Arnaud Duarte de Gouvêa, Robert Jope Kinsman Benjamin, Vincenzo, Cernicchiaro, Dagmar Matoso Chapot-Prevost, Abdon Filinto Milanez, Manoel Augusto de Medeiros Senra, Bernhardt Wagner, Rafael Coelho Machado, Alfredo Ângelo, Gennaro Arnaud, José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, José Alves da Trindade, Sigismund Neukomm, etc;
- Luiz Ferreira da Paixão. Luiz estudou na "Ginásio Petrópolis", por esta época (1910), editou com outro aluno do mesmo colégio, Gustavo Fonseca, ambos redatores, o jornal "A Pátria", a partir de 15 de maio de 1910, que estampava notícias diversas e literatura.  (Jornal "O Ginasial", ANO 1, N. 4, Petrópolis, 22 de maio de 1910, pg 4). Nos meses que se seguem, em julho, mais apropriadamente, Gustavo Fonseca retira-se da redação do jornal. Luiz entra em acordo com o jornal "O Correio do Alto", e dá-se a fundição dos dois periódicos em um só, sob o nome do primeiro, "A Pátria", sob a direção de  Rodrigo Capela, redator-chefe. Luiz depois, mais tarde, tornou-se médico na Ilha do Governador, primeiro-tenente da armada e cunhado do engenheiro da Inspetoria de Obras Públicas, Dr. Hermógenes Vale de Almeida (casado com sua irmã Maria Eugênia da Paixão) e sogro do advogado e comissário de polícia Gilberto de Paiva Lacerda (Filho do Dr. Edmundo de Lacerda e Elvira Paiva de Lacerda. Gilberto morreu de um enfaro, em 30/09/1963, aos 62 anos). Luiz era casado com Dalila Costa. Eles foram pais de 4 filhos. Luiz morreu em 2 de julho de 1934;
- Justino Ferreira da Paixão; Engenheiro
- Rafael Ferreira da Paixão; Engenheiro
- José Ferreira da Paixão Filho; Casado com Etelvina Alves Guerra (Depois Etelvina Guerra Paixão). Foi advogado e Juiz de Direito em Minas Gerais, nas cidades de Grão Mogol, Manhuassu, Diamantina e Três Corações. Tiveram os filhos: Maria Luiza Guerra da Paixão; José Guerra da Paixão; Mário Guerra da Paixão (ex-prefeito de Diamantina); Luís Guerra da Paixão e Paulo Guerra da Paixão;
- Maria Eugênia da Paixão. Casada com o eng. Hermógenes Vale de Almeida. Nome da casada, Maria Eugênia Vale de Almeida;
- Clotilde Ferreira da Paixão;
- Júlia Ferreira da Paixão



Á MINHA IRMÃZINHA CLOTILDE
Ri, criança, a vida é curta,
A vida dura um instante;
Depois o cipreste esguio.
Mostra a cova ao viandante,
Casimiro de Abreu - Primaveras.

Deleitam-te, criança, os brincos infantis,
A névoa de um pesar não turva o teu viver;
Ainda não foi dado ao goivo florescer
Aos teus pequenos pés; por isso tu sorris.

Em lânguido abandono os teus dias gentis
Tu passas, minha irmã, e tudo te é prazer...
Ai! folga, sim, criança! Ai! folga! e que o sofrer
Nos lábios teus não creste os risos pueris.

A lei do mundo é dura! É lei cruel, severa:
Aos brincos do hoje opõem-se as mágoas d'amanhã
A vida é sonho... não, a vida é uma quimera!

Assim.... folga, criança! Ah! ri-te, minha irmã!
E que seja amadora a tua primavera,
Que, sob eterno azul, tu vivas, flor louçã!

Ernesto Paixão.


MUSA RATIONIS

A raiz—boca da—Vida
Mama nas tetas da—Morte

Guerra Junqueiro.


Força e matéria: eis tudo! Essa, que dizem,
Divina essência e que no corpo existe
A dar-lhe movimento, a dar-lhe vida
É mera criação da fantasia,
Da monte imaginosa do poeta
Por continuas visões enlanguescida!

A alma é pura ficção! A vida existo
Enquanto reagir pode a matéria
Contra uma força oposta ao movimento!
É esta a vida! Um’outra não conheço,
Diz-m’o a ciência audaz, diz-m’o a razão,
Diz-m'o o sentir e sente o entendimento!

Oh! almas que viveis embevecidas
Nossa ilusão dourada, e que esperais
N’uma outra vida a felicidade achar,
Dessa quimera doce, desse engano,
Dessa ilusória crença em que viveis
Meu rude canto não vos quer tirar!

Respeito a crença como um Deus respeito
Como a pobreza, a viuvez, o pranto,
E como a anciã voraz de um coração;
Tirar-vos-ia da mente equivalera
A negar ao faminto angustioso
Uma migalha mínima do pão?

Vós que dela viveis, bem sei, sofreis
Menos as mágoas que o viver nos dá,
Menos a dor sentis!
Eu também, como vós, tive essa crença
Mas dos males o estudo demonstrou-me
Que quanto me iludi, vos iludis!

Vivei com vossa crença: eu não; não posso!
Vendo a matéria inerte eu sei a causa
Dessa falta de vida - o movimento!
Para vós foi a alma a Deus subida,
Para mim foi a força que extinguiu-se,
Como se fora a luz, em um momento!

Na eternidade da matéria eu creio:
Se o vegetal nos nutre, nós nutrimos
A terra onde ele vive!
É esta a realidade e, no entretanto,
Eu quisera viver inda no gozo
Dessa crença que tendes e que tive!

Porém, na—Eternidade—essa que vós
Contais fruir nesse infinito - O céu,
Nessa mansão de gozos mitológica!?
Nossa... não creio, não: porque é mentira;
Nessa não creio, que a condena in totó.
Essa energia tríplice da lógica.

Ernesto Paixão.

terça-feira, 28 de abril de 2015

JOSÉ RIBEIRO DE OLIVEIRA E SILVA, CEL

José Ribeiro de Oliveira e Silva, era filho do casal, o Capitão José Antônio de Oliveira (fazendeiro em Guarará) e a esposa Libânia Angélica da Silva Oliveira. Eram seus irmãos Antônio Ribeiro de Oliveira (também fazendeiro em Guarará); Ana Libânia de Oliveira (casada com Francisco Eugênio de Andrade Goulart) e o Tenente-coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira. (cf. escritura pública de 15/01/1889, lavrada na Fazenda “Três Barras”, propriedade de José Ribeiro de Oliveira e Silva).
Arlindo, irmão de José Ribeiro, era casado com Francisca da Cunha Oliveira e pai de Irene, Maria, Célia, Julieta e Libânia da Cunha Oliveira, esta última casada com Áureo de Assis, gerente do jornal “O Guarará”. Arlindo foi Coletor Federal em Guarará entre os anos 1910 a 1924. Ele havia sido nomeado para substituir Mário Horta, filho do ex-agente executivo Emílio Luiz Rodrigues Horta, que havia morrido em 1910. Arlindo tinha sua residência em Bicas, depois mudou-se para Juiz de Fora (por volta de 1921), lá ele se tornaria proprietário do Cine Teatro Paz, a casa de eventos de maior importância àquela época, onde transitariam grandes nomes e grandes eventos da cultura juizforana.
Voltando ao Cel. José Ribeiro, quando da morte do pai, já octogenário, em 21 de dezembro de 1912, era abastado fazendeiro em Bicas e, à época já residindo em Juiz de Fora, onde era comerciante. (Jornal "Correio da Noite", terça 23 dezembro 1912)
O pai do Cel. José Ribeiro , morreu em 21 de dezembro de 1912, já octogenário. Por essa época o coronel José Ribeiro era abastado fazendeiro em Bicas e residente em Juiz de Fora, onde era comerciante.
Suas atividades na lavoura e agricultura entre Guarará e Bicas, deu-se, segundo o carioca “Almanak Laemmert”, principalmente entre os anos 1911 e 1926, mas muito antes disso ele já exercitava-se na política municipal. Já em 1889 ele era um grande fazendeiro na região. Em 28 de julho de 1891, conforme os registros da Intendência Municipal, ele foi indicado para substituir a vaga deixada na intendência pelo membro Dr. José Telles de Menezes, que havia solicitado exoneração do cargo. (2) Entre 1892 e 1898, ele foi vereador e Agente Executivo, período este um tanto conturbado, como atesta os jornais da época.
Em 1892 era essa a composição da Câmara de Guarará: Agente Executivo o Dr Antero Dutra de Moraes, o Barão de Catas Altas (Antônio José Gomes Bastos) e os vereadores eram: José Ribeiro de O. e Silva, (secretário), João Luiz Alves Viana, Francisco Gonçalves de Souza, Antônio Francisco de Souza, Francisco José Bastos de Campos, Silvestre Henriques Furtado, Francisco Carneiro e o Pe. Manoel José Correa. (3) Todavia, em maio de 1893, ele e Antônio Baião, fazem um requerimento à Comissão de Constituição, Legislação e Poderes da Câmara dos Deputados, contra o ato ilegal da Câmara apuradora de Guarará que os excluiu do número de vereadores eleitos.
Como Agente executivo, ainda em 1892, Antero Dutra de Moraes encampa a ideia da construção da "Estrada de Ferro Guararense", que pretendia facilitar a ligação dos município sede com o deu distrito de Bicas, onde operava a "Estrada de Ferro Leopoldina", o que facilitaria o transporte de pessoas e gêneros diversos. Antero não concluiu seu projeto inteiramente.
Em 1894 José Ribeiro de Oliveira e Silva organiza o Partido Constitucional Operário, em Guarará, com a seguinte chapa, para as eleições próximas: Agente executivo municipal: Capitão José Ribeiro de Oliveira e Silva; Vereadores especiais: Francisco Nunes Coelho (Sede): Francisco Fernandes Padrão; (Bicas): Horácio Furtado (Maripá); Vereadores gerais: Francisco Barnabé da Fonseca Barroso, Antônio Rabelo Teixeira, José Pires de Mendonça e José de Faria Simões; Conselho Distrital: Presidente: Francisco Afonso de Souza; Conselheiros: Adolfo Falcão Ribeiro Bastos e João Antônio Batista; Juízes de Paz: Francisco de Almeida Guimarães Modesto, Manoel Joaquim de Andrade, Ladislau Rabelo de Vasconcelos.
Em setembro do mesmo ano (1894), ele é eleito como Agente Executivo (para o triênio 1895/1897). Ao seu lado foram eleitos e empossados, como vereadores, o Major Antônio Rabelo Teixeira. Padre Manoel José Corrêa, José Pires de Mendonça, Alferes Francisco Barnabé da Fonseca Barroso, Cap. Antônio Alberto Gomes Baião, faltando tomar posse o vereador geral Felício da Silva Cintra e o especial de Maripá, Comendador François Firmin Alibert.
Caberá a ele concluir os trabalhos de construção da "Estrada de Ferro Guararense". Infelizmente a falta de prática administrativa (como atesta o jornalista F. S. Teixeira) e conhecimentos técnicos, acabam por incidir em uma série de irregularidades. A isto se soma as indenizações impetradas contra a municipalidade. Concluindo a Estrada de Ferro funciona não mais que dez meses, dentro do ano de 1897.
Em 1898 ele (ainda major) foi nomeado para o cargo de inspetor escolar de Guarará. (6) No final do mesmo ano (de 1898) ele adquire, do jornalista Francisco de Sequeiros Teixeira, o jornal "Gazeta de Guarará". O Jornal havia sido criado no final do ano anterior (1897). Teixeira permanece à frente do jornal como diretor e editor responsável e, no início de 1900, a gerência do jornal é confiada a Afonso Augusto Ferreira Leite. O jornal se firma como um audacioso órgão da situação política, que tinha, naquele período, o Cel. José Ribeiro como seu maior representante.
Em 1 de novembro de 1902 ele toma posse do cargo de delegado de polícia de Guarará.
Em 1904 ele se firma como o chefe político de maior representação eleitoral, à época como presidente do Partido Republicano Mineiro que, vencendo as eleições de 01 de novembro de 1900, elege o médico Dr. Emílio Joaquim Rodrigues Horta como Agente Executivo para o triênio subsequente e derrota nas urnas ao maior chefe político até então, o Barão de Catas Altas.
Ao P.R.M. pertenciam outros grandes nomes da política guararense, tais como o Dr. Antero Dutra de Moraes, Dr. Henrique Vaz, major Francisco Bianco, tenente-coronel Joaquim José de Souza, cap. Francisco de Paula Retto Junior, major Firmino Dias Tostes, cap. Antônio Ferreira Martins, tenente-coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira, cap. Josino Ribeiro da Silva, etc. (8)
José Ribeiro casou por duas vezes, a primeira foi com Alcina Tostes que passou a assinar como Alcina Tostes de Oliveira e Silva. Os filhos do casal são: Libânia Ribeiro de Oliveira e Silva, Sebastiana Ribeiro de Oliveira e Silva, Ana Ribeiro de Oliveira e Silva, Áurea Ribeiro de Oliveira e Silva e José Ribeiro de Oliveira e Silva Júnior.
Em 19 de fevereiro de 1913 morre Alcina Tostes de Oliveira e Silva, (9) e tempos depois ele se casa com Marta Levy, que passa a assinar Marta Levy Ribeiro.
De suas atividades, além daquelas devotadas à vida pública e industrial, estava também a de agricultor. José Ribeiro era possuidor de uma importante propriedade agrária (provavelmente a Fazenda da Liberdade) a qual, em 1919, vendeu (por oitenta contos de réis) ao Cap. José Carlos Dutra de Moraes. (10)

O DISTRITO DE BICAS
A "Fazenda da Liberdade" estava situada no distrito de Bicas, onde também estavam as fazendas "Três Tombos.", dos herdeiros do major Firmino Dias Tostes: a "Fazenda do Campestre", de dona Margarida Bastos; a "Fazenda dos Cristais", de Manoel Honório de Campos; a "Fazenda dos Cristais", de Augusto Barbosa de Castro, e ainda a "União da Serra" de Antônio Ferreira Martins; a "Fazenda Pedra Branca", de Jacomo Fresi; ainda a do comendador Firmin François Alibert e outras menores. (11)

REFERÊNCIAS
1 - Jornal "Correio da Noite", terça 23 dezembro 1912;
2 - Jornal "A Ordem", ANO II, N. 121 - Ouro Preto, 22 de agosto de 1891;
3 - RODRIGUES, José Luiz Machado, Maripá de Minas e Região: subsídios históricos e outras lembranças, Maripá de Minas – MG - s.d.,2003
4 - Jornal "Minas Gerais", ANO II, N. 138, pg 5 - Ouro Preto, terça-feira, 23 de maio de 1893;
5 - Jornal, "Pharol", Juiz de fora, quinta-feira, 16 de agosto de 1894
6 - Jornal "Minas Gerais", ANO VII, N. 41, pg 3 - Ouro Preto, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1898;
7 - Câmara municipal de Guarará, Temos de Posse:1907-1947;
8 - Jornal "Gazeta de Guarará", ANO IV, N. 122 de 4 de novembro de 1900 (O então gerente editorial da Gazeta de Guarará era Afonso Augusto Ferreira Leite);
9 - Jornal "O País", quinta-feira, 27 de fevereiro e 1913 e Jornal "A Noite",sábado, 4 de abril de 1914;
10 - Jornal "O Guarará", ANO III, N.º 23, pg 1. Guarará, 14 de dezembro de 1919;
11 - PRATES, Carlos A., - A lavoura e industria da Zona da Mata. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1906 - 139 páginas.